
O Socialismo Criativo preparou uma lista com 5 filmes com temática política ou biográfica que proporcionam reflexões necessárias sobre a sociedade em que vivemos. O Jovem Karl Marx; O que é isso companheiro?; Doutor Gama; O dia que durou 21 anos e Marighella , além de acrescentar pela bagagem histórica, vai te fazer pensar sobre a importância de atitudes corajosas diante das grandes rupturas sociais.
Já prepara a pipoca, coloca o celular no modo avião e aproveita essa seleção de filmes que fizemos especialmente para nossos leitores!
O Jovem Karl Marx

O filme O Jovem Karl Marx, lançado no Festival de Cinema de Berlim, em 2017, a amizade entre os revolucionários alemães Karl Marx e Friedrich Engels, ou sobre o contexto histórico-filosófico em que Marx iniciou sua trajetória intelectual e política. De fato, estas questões são bastante presentes no filme, mas, nem de longe, são seu centro. O filme evidencia o quão importante foi Marx para a formação de uma consciência de classe revolucionária e científica para o proletariado lutar contra o capital.
Quem assistir a O Jovem Karl Marx terá uma noção básica do contexto histórico vivido por Marx e Engels e sairá com a sensação de que as teses filosóficas, políticas e econômicas do marxismo superaram em muito as teses idealistas, utópicas e anarquistas dos demais pensadores da época.
O filme está disponível na Telecine e também na Netflix.
O que é isso companheiro?
Conta a história verídica do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, por integrantes do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e da Ação Libertadora Nacional (ALN), que lutavam contra a ditadura militar instalada no país em 1964.
O objetivo do grupo era trocar o embaixador por 15 companheiros presos pelo regime. Embora baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, o filme condensa figuras envolvidas em uma só, ou divide uma em duas, além atribuir ações, escolhas, autorias e protagonismos a quem não os teve.
O Que é Isso, Companheiro? é um filho direto da retomada da produção cinematográfica brasileira nos anos 1990. O filme mostra que é possível produzir debates políticos complexos dentro de gêneros cinematográficos estabelecidos comercialmente, geralmente rejeitados pela intelectualidade mais sisuda como mero entretenimento escapista.
O filme está disponível no Youtube.
Doutor Gama
A história de Gama vira filme pela primeira vez com roteiro de Luiz Antônio e direção de Jeferson De. A narrativa de Doutor Gama é dividida em três partes e tem início com uma breve demonstração da relação que o protagonista tinha com mãe e pai. Em poucos minutos vemos a criança (Pedro Guilherme) sendo vendida. Naquele momento Gama perde três coisas que, apesar de abstratas, têm um significado extremamente concreto: a liberdade, a confiança no homem branco (representado pelo pai) e o direito de ter um calçado.
As cenas seguintes mostram o menino começando a entender as regras sórdidas da escravidão e se conectando com novas figuras paternas e maternas – que ele perde em seguida. Uma passagem que nos conta, sem gastar tempo, que era impossível para um escravizado conquistar um porto seguro.
O ciclo da infância se fecha e a cena seguinte nos mostra um Gama jovem (Angelo Fernandes) sem perspectivas, até ter contato com a literatura. A última cena dessa segunda parte faz uma conexão direta com o final da primeira, pois é nela que Gama reassume o seu lugar de homem livre e reconquista seu direito de usar um calçado.
O principal destaque na narrativa é a escolha de não espetacularizar o sofrimento negro para contar a história de Gama; é uma decisão provavelmente tomada porque as pessoas por trás das câmeras também são negras.
Numa época em que produções hollywoodianas sobre o flagelo do escravagismo e sua herança cultural nos EUA flertam com a exploração, o filme brasileiro aborda assuntos extremamente delicados como escravidão, racismo, estupro e marginalização de pessoas pretas sem reproduzir essas violências para falar sobre elas. A trajetória de virada de Gama tem prioridade sobre o choque, um enfoque à altura da importância da sua luta abolicionista.
O filme está disponível na GloboPlay.
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O dia que durou 21 anos
Em clima de suspense e ação, o documentário apresenta, em três episódios de 26 minutos cada, os bastidores da participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 que durou até 1985 e instaurou a ditadura no Brasil. Pela primeira vez na televisão, documentos do arquivo norte-americano, classificados durante 46 anos como Top Secret, serão expostos ao público. Textos de telegramas, áudio de conversas telefônicas, depoimentos contundentes e imagens inéditas fazem parte dessa série iconográfica, narrada pelo jornalista Flávio Tavares.
O mundo vivia a Guerra Fria quando os Estados Unidos começaram a arquitetar o golpe para derrubar o governo de João Goulart. As primeiras ações surgem em 1962, pelo então presidente John Kennedy. Os fatos vão se descortinando, através de relatos de políticos, militares, historiadores, diplomatas e estudiosos dos dois países. Depois do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963, o texano Lyndon Johnson assume o governo e mantém a estratégia de remover Jango, apelido de Goulart. O temor de que o país se alinharia ao comunismo e influenciaria outros países da América Latina, contrariando assim os interesses dos Estados Unidos, reforçaram os movimentos pró-golpe.
Do Brasil, duas autoridades americanas foram peças-chaves para bloquear as ações de Goulart e apoiar Castelo Branco: o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon; e o general Vernon Walters, adido militar e que já conhecia Castelo Branco. As cartas e o áudio dos diálogos de Gordon com o primeiro escalão do governo americano são expostas. Entre os interlocutores, o presidente Lyndon Johnson, Dean Rusk (secretário de Estado), Robert McNamara (Defesa). Além de conversas telefônicas de Johnson com George Reedy Dean Rusk; Thomas Mann (Subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos) e George Bundy, assessor de segurança nacional da Casa Branca, entre outros.
Foi uma das mais longas ditaduras da América Latina. O general Newton Cruz, que foi chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) e ex-comandante militar do Planalto, conclui: “A revolução era para arrumar a casa. Ninguém passa 20 anos para arrumar uma Casa”.
Em 1967, quem assume o Planalto é o general Costa e Silva, então ministro da Guerra de Castelo. Da linha dura, seu governo consolida a repressão. As conseqüências deste período da ditadura, seus meandros políticos e ideológicos estarão na tela. Mortes, torturas, assassinatos, violação de direitos democráticos e prisões arbitrárias fazem parte desse período dramático da história.
O jornalista Flávio Tavares, participou da luta armada, foi preso, torturado e exilado político. Através da série, dirigida por seu filho Camilo Tavares, ele explora suas vivências e lembranças. E mais: abre uma nova oportunidade de reflexão sobre o passado.
O Dia que durou 21 anos é uma coprodução da TV Brasil com a Pequi Filmes, com direção de Camilo Tavares. Roteiro e entrevistas de Flávio e Camilo.
O documentário está disponível no Youtube.
Filmes envolvidos em polêmicas como o Marighella
Estrelada por Seu Jorge, a cinebiografia narra os últimos anos de vida de Carlos Marighella, guerrilheiro que liderou um dos maiores movimentos de resistência contra a ditadura militar no Brasil, na década de 1960. Participam do elenco também Bruno Gagliasso, Adriana Esteves, Humberto Carrão, Luiz Carlos Vasconcelos, Herson Capri e Bella Camero.
Pronto há mais de dois anos, Marighella foi afetado por questões burocráticas que atrapalhou seu lançamento no país. Em junho de 2019, foi divulgado que o longa chegaria aos cinemas brasileiros em 20 de novembro de 2019, Dia da Consciência Negra. O anúncio foi feito por Mário Magalhães, autor de Marighella, biografia que serviu de base para o roteiro do filme, assinado por Wagner Moura e Felipe Braga, no qual já tiveram parcerias em outros filmes.
Em setembro de 2019, no entanto, a produtora O2 Filmes divulgou uma nota informando que não havia conseguido cumprir “todos os trâmites” exigidos pela Agência Nacional de Cinema (Ancine). Anteriormente, a produtora já havia recebido uma negativa da Ancine relativa a um pedido de reembolso no valor de R$ 1 milhão.
Estreia na direção de Wagner Moura, o filme “Marighella”, que chegou aos cinemas e a plataformas de streaming nos EUA em 30 de abril, foi alvo de vazamento no Brasil. O filme, que só estreia no país em 20 de novembro, circulou no último fim de semana por meio de redes sociais. Um link não oficial deu acesso à produção com legendas em inglês.
Assim como “Tropa 1”, “Marighella” teve première no Festival de Berlim. Filmado entre 2017 e 2018, o longa está pronto desde 2019, quando participou de festivais internacionais. Seu lançamento no país já virou uma novela. Inicialmente ele estava programado para chegar ao circuito comercial em 20 de novembro de 2019, Dia da Consciência Negra. Só que em agosto daquele ano a produtora O2 Filmes teve dois pedidos de recurso para a comercialização de “Marighella” negados pela Ancine, a Agência Nacional de Cinema.
Um dos recursos negados se referia a um possível pedido de ressarcimento de despesas pagas com dinheiro da produtora no valor de cerca de R$ 1 milhão, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual, o FSA. O outro questionava se a verba para comercialização do filmes poderia ser adiantada. Em janeiro de 2020, foi anunciado que o filme estrearia em maio. Em decorrência da pandemia, o lançamento foi adiado para abril de 2021 e agora para novembro.
O filme estreará no Brasil em novembro.
Autorreforma e os filmes brasileiros
Os filmes brasileiros têm seu devido espaço na proposta de Autorreforma do PSB. No capitulo Brasil, potência Criativa e Sustentável, os socialistas afirmam que as contribuições culturais africanas, europeias, indígenas e orientais, inseridas nos grandes movimentos culturais do Brasil, desde os sermões de Antônio Vieira, no século XVII, aos poemas rebeldes de Gregório de Matos, no século seguinte, ao romantismo de José Alencar e ao realismo de Machado de Assis e seus sucessores, ambos no século XIX, à Semana de Arte Moderna de 1922, chegando até o Cinema Novo e o Tropicalismo, no século XX, absorveram a diversidade de cada região do país.
“A literatura, a música, notadamente o Samba e a Bossa Nova, as artes plásticas, o cinema e a dança, foram marcados com características diversas, tanto em suas estruturas criativas como regionais. Suas festas são uma e várias ao mesmo tempo. O Carnaval da Bahia e do Recife são bem diferentes do Carnaval do Rio de Janeiro ou de São Paulo. As festas juninas são também uma na medida em que ocorrem nos dias de São João, mas são diferentes no Nordeste e no Sul. A Oktoberfest em Santa Catarina é de origem alemã, mas é permeada pelo samba, axé e outros ritmos nacionais.”
Autorreforma PSB
Com informações da EBC, A Verdade e Estadão