Desde dezembro de 2011 está em vigor a Política Nacional de Saúde Integral de LGBTs, instituída pela Portaria nº 2.836, que em tese garante o atendimento de saúde integral, com segurança, proposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, na prática, a realidade é outra, aponta reportagem do Yahoo.
Secretária de articulação política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Bruna Benevides afirma que só existem cinco hospitais no Brasil que realizam procedimentos de redesignação de gênero para pessoas trans.
Em relação as unidades de saúde composta por profissionais preparados para atender as demandas dos corpos travestigêneres, existem apenas somente 14 ambulatórios, não sendo sequer um por estado.
“Hoje os cuidados com saúde de pessoas trans se limita à combate à HIV e processos de transição de modo que parece que pessoas trans ou vive com o vírus ou quer mudanças nos caracteres sexuais secundários”, diz Bruna, referindo-se às questões genitais por exemplo, e completa: “não se olha para saúde mental, saúde reprodutiva e outros pontos essenciais da vida de qualquer pessoa”.
Para o portal de notícias, a ginecologista obstetra Ana Thais Vargas, que se dedica ao atendimento da população trans há cerca de quatro anos, afirma que ainda o despreparo dos profissionais da área.
“Não existe um reconhecimento da transexualidade, não se respeita nome social e identidade de gênero das pessoas e a grande maioria ignora solenemente o tratamento de pessoas trans”.
Saúde em meio à pandemia
Uma pesquisa interna da rede de afiliadas da ANTRA estimou que 50% dos serviços de atendimento a população trans foram paralisados durante a pandemia do Covid-19. Segundo a organização, o tempo de espera para redesignação de gênero no SUS varia entre 10 e 15 anos.
“Ouvi relatos muito desesperados de mulheres trans que me diziam que preferiam morrer de coronavírus do que viver em um corpo que não às representavam”, relata Bruna.
No dia 1º de abril, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos divulgou uma cartilha de combate ao coronavírus dedicada especificamente para população LGBT onde chamou erroneamente as operações de redesignação de gênero de “cirurgias do processo transexualizador”, deixando claro o descaso do governo federal.