
O criador da ideia de ecossocialismo, Michael Löwy, defende que a humanidade deveria pensar mais na igualdade e em uma distribuição equitativa do que na geração de mais riqueza. Segundo o pensador, a ecologia é a questão política, social e humana central do século 21. Lowy concedeu uma entrevista à emissora de rádio da Argentina Perfil.
“É um tema que deve estar no centro das preocupações de quem se considera de esquerda. E de todos os seres humanos. É uma questão que já não pode ser marginalizada, nem ignorada, nem deve ser menosprezada. Os piores cegos são os que não querem vê-la.”
Michael Löwy
Para mudar a atual realidade ecológica do mundo – “um desastre sem precedentes” – é preciso traçar outro tipo de progresso, defende Löwy. Um progresso no qual possamos nos inspirar em valores éticos e sociais.
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Para o sociólogo marxista, a modernização e o progresso, nas formas realmente existentes, que são as do capitalismo e do neoliberalismo, são um desastre do ponto de vista social, pela desigualdade absurda e pela destruição das comunidades.
Para Löwy, Jair Bolsonaro é um ecocida
Em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vem realizando o desmonte dos órgãos de proteção ao meio ambiente e, com isso, alcançou índices recordes de desmatamento, Löwy o classifica como “ecocida”.
“É uma forma nova de fascismo, que não é o velho fascismo dos anos 1930, mas é uma forma de fascismo. É um governo nitidamente ecocida. Um governo que rejeita qualquer enfoque ambiental. Sua disposição é o agronegócio da soja, o do gado. Destruir a natureza, e em particular a Amazônia. Este governo é uma catástrofe para o povo brasileiro, para os camponeses, para os trabalhadores, para os indígenas e para toda a humanidade. Destruir a Amazônia é um crime para toda a humanidade”.
A entrevista foi concedida ao jornalista Jorge Fontevecchia e traduzida pelo Cepat. Confira-a na íntegra aqui.