Suassuna tem um museu. Um céu de cordel, um picadeiro de fitas, poesia em galhos e iluminogravuras por todo lado. Foi assim que Paraty, cidade histórica e turística, localizada na costa verde do litoral Rio de Janeiro, recebeu a abertura das comemorações do evento “Ariano Suassuna – Dos 95 aos 100 anos, cinco faces de um brasileiro legítimo”, realizado pela Fundação João Mangabeira e idealizado por seu presidente, Márcio França, com a curadoria de João Suassuna e coordenação artística de José Roberto Souza, que falou da importância do momento.
“A emoção da abertura é única. Havia um sonho, um plano a ser realizado e, depois de quase seis meses de muito planejamento e dedicação, ele está realizado. Teve toda uma preparação logística e criativa para que o público se impactasse com o resultado final, e acho que atingimos o objetivo”, contou José Roberto, emendando que não dava mais para falar porque lágrimas rolariam de seu rosto. “Viver isso é uma grande honra”, finalizou.
O evento começou com uma apresentação de violino e mais dois artistas regionais declamando versos autorais sobre a vida e obra de Suassuna. O ato arrancou muitos aplausos dos presentes, bem como as personalidades que vieram a Paraty especialmente para o evento, como o ex-governador de São Paulo e presidente da FJM Márcio França, sua esposa Lúcia França; o também ex-governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg; o deputado federal pelo Tocantins, Tiago Andrino; o vice-presidente da FJM, Alexandre Navarro; a diretora de estudos e pesquisas da instituição, Amanda Sobreira; o prefeito de Paraty, Luciano de Oliveira Vidal; o secretário de Cultura da cidade, José Sérgio Barros, além do desembargador do estado de São Paulo, Guilherme da Costa Wagner Junior, que participará da leitura dramática da cena “O julgamento de João Grilo”, que acontecerá amanhã (17), na Casa da Cultura.
Visivelmente tocado, o desembargador falou da importância cultural de Suassuna para o Brasil, bem como do significado do evento. “O Ariano é um imortal no nosso país e cultivar sua história e memória é cultivar a nossa cultura mais genuína. Agradeço a todos os organizadores e produtores pelo carinho que tiveram comigo e tenho certeza que amanhã a encenação vai ser o ponto alto do evento”, disse o desembargador, que veio a Paraty com a família.
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Márcio França ressaltou a grande admiração por Ariano e citou uma de suas célebres frases para justificar sua participação na cerimônia, dado que havia sido diagnosticado pela segunda vez com Covid-19 na semana passada. “É um prazer para a Fundação João Mangabeira poder homenagear Ariano nessa cidade que respira literatura e arte. Eu fecho com uma frase que ele dizia, que o otimista é um tolo, o pessimista, um chato e que o bom mesmo é ser um realista esperançoso, e eu era um realista esperançoso de estar hoje aqui”, se divertiu Márcio, arrancando risos dos presentes.
João Suassuna, curador e responsável pelas mais de 150 peças do Museu Suassuna, entre obras, quadros, tapetes, esculturas, livros e objetos pessoais, trazidos para o evento, falou do orgulho de preparar a primeira de sete exposições da obra de seu avô. “A ideia do presidente Márcio França casou com o legado de Ariano, que é muito extenso e rico. Assim, vamos diluir nesses seis anos toda a sua história. A emoção para nossa família está sendo muito intensa, minha esposa quando entrou aqui se emocionou muito. Ariano está vivo por tudo que produziu, escreveu e sua chama está aqui neste momento, iluminando todos nós”, discursou o neto mais velho de Suassuna que, em seguida, conduziu os presentes à visitação de todos os itens, contando suas particularidades e curiosidades.
A fila de espera para entrar na exposição foi intensa, e a praça refletia a alegria dos paratienses, que se misturavam aos turistas em bancos lotados, rodas de conversas animadas e comentários sobre tudo que estavam vendo e sentindo. Quem nos traduziu essa satisfação com palavras foi a secretária de educação do município, Gabriela Gibrail. “A cidade está colorida, está linda, depois de dois anos de pandemia e de um momento do país tão difícil a gente vê tudo isso e dá um aquecimento no coração e uma esperança desse Brasil colorido, que dá valor à cultura e ao nordeste”, finalizou.