
O acordo comercial entre União Europeia e Mercosul está em stand-by, à espera de ações concretas do governo brasileiro no combate ao desmatamento e às queimadas e proativas em políticas de sustentabilidade, disse o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez.
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Segundo o espanhol, porém, sinalizações recentes do país, sobretudo posturas do vice-presidente Hamilton Mourão, indicam que as negociações podem avançar, com assinatura e ratificação do pacto em breve.
“Agora, sim, o governo brasileiro compreendeu muito bem essa mensagem [das reivindicações dos países]”, afirmou Ybáñez, ao mencionar, por exemplo, o convite a embaixadores e lideranças para visitarem a Amazônia. A viagem foi organizada após oito países enviarem carta afirmando que a alta do desmatamento poderia dificultar importação de itens brasileiros.
Conselho da Amazônia
Segundo o emissário, outro ponto positivo foi a criação do Conselho da Amazônia, que, na sua visão, coloca o foco das iniciativas do governo no combate ao desmatamento e às queimadas. Ele ponderou que não se imagina desmatamento e fogo zero, mas que é possível avançar. “Nossa convicção é de que vamos chegar a esse acordo.”
Sobre o novo recorde de desmatamento na Amazônia — segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área devastada chegou ao nível anual mais alto desde 2008 —, ele disse que as ações do governo vão contar para a agenda avançar.
“Se a confiança não for restabelecida, e realmente os parceiros europeus não virem que no governo brasileiro há uma vontade de colocar no centro de suas atividades a ideia da sustentabilidade, o acordo não vai poder passar.”
Acordo em stand-by
Na avaliação de Ybáñez, porém, a atitude do Poder Executivo mudou de “forma notável”. “É verdade que os últimos números que recebemos ontem [segunda-feira] não são positivos. Mas achamos que a vontade do governo é mudar esses números”, ponderou. “E agora precisamos que essa mudança de atitude se transforme em fatos.”
Ybáñez lembrou que, em 20 anos de negociação, nem sempre houve consenso para fechar o pacto UE-Mercosul. “Ano passado, se deu uma combinação, tanto do lado europeu quanto dos países do Mercosul.”
Ele argumentou, contudo, que o avanço das queimadas e derrubadas no Brasil, intensificadas em 2019 e 2020, “deixou o acordo em stand by, em situação de espera, que é baseada sobretudo num tema de confiança, para a União Europeia, e também para países do Mercosul.”
Segundo ele, o pacto continua a ser aposta para o futuro. “É importante do ponto de vista econômico. Vai criar riquezas dos dois lados. Vai criar oportunidades para empresas brasileiras e europeias. Vai criar âmbito de trabalho conjunto, de parceria”, enumerou.
Com informações do Valor Econômico
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