Não é o primeiro caso de racismo ocorrido no reality, em rede nacional
“Quem que penteia cabelo com um trem desses!?”. Foi com essa piada e risos eufóricos que a participante Ivy Moraes destilou seu preconceito, levantando o debate sobre de que forma o racismo se apresenta como entretenimento no BBB20.
A comunidade negra de imediato reagiu em protesto, após a fala preconceituosa e debochada da participante contra o pente-grafo usado pelo participante negro do reality, Baby Santana.
Nas redes sociais, ativistas lançaram movimento #EuPenteio, domingo (15/03), reafirmando o simbolismo do pente-garfo.
Já os fãs do programa colocaram a hashtag #ForaIvy no topo dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil.
Alguns episódios atrás os comentários de Ivy, direcionados à Thelma Assis, também negra, incomodaram.
Além de exaltar a importância do pente como recurso estético e símbolo de empoderamento e resistência do povo negro, as publicações marcadas com a hashtag revelam como a atitude de Ivy reforça o racismo velado.
O desrespeito à ancestralidade negra escancara o racismo e suas diversas caras sedimentadas na estrutura social brasileira e a piada é um dos recursos mais usados para velar o racismo.
O chamado “Racismo Recreativo” coloca pessoas negras na posição de chacota. “Não somos chacota”, escreveu. “Nossa estética, ancestralidade, nossa história de resistência, simbologia, não são piada! Respeita!”, reagiu a ex-BBB Gabriela Hebling ao desdém de Ivy.
“O pente-garfo surgiu há 6.000 anos na África. Existem registros de pentes no Egito Antigo que tinham grande simbologia e eram usados por nossos ancestrais como forma de organizar a própria sociedade, pois era através dos penteados que se indicava o status, estado civil, identidade étnica, região geográfica e classe social”, explicou o apresentador Spartakus Santiago , em publicação no Instagram.
Spartakus Santiago
Spartakus ressalta que o item também teve grande significado nos anos 1960, com o movimento negro estadunidense.
Outra que levantou a voz foi a humorista e ativista Maíra Azevedo, que se pronunciou sobre o acontecimento nas redes sociais e afirmou que “racismo não é entretenimento”.
Ela lembrou que “o que está ocorrendo no BBB é uma amostra de como as pessoas negras são tratadas aqui fora”.
Com informações de Mundo Negro e UOL Universa