Os episódios envolvendo forças policiais no massacre na favela carioca do Jacarezinho, no ataque violento a manifestantes durante atos anti-Bolsonaro no Recife, no motim da Polícia Militar do Ceará, na prisão do professor de Goiás e na decisão do Comandante do Exército Brasileiro de garantir a impunidade do incompetente general Eduardo Pazuello tem alguma coisa em comum?
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Na minha opinião e também de meu companheiro James Lewis, sim. Todos esses episódios são demonstrações de força contra as leis, a Constituição, os Regulamentos Militares e os demonizados Direitos Humanos. São ensaios anti-democráticos, experimentos subversivos da ultra-direita.
Ultra-direita expressa o bolsonarismo
Esse fenômeno da ultra-direita tem, agora, no Brasil, uma base social e militar organizada nas Polícias Militares e Civis dos estados, nas milícias urbanas articuladas ao narcotráfico e ao tráfico de armas, nas empresa privadas de segurança e em segmentos empresariais e religiosos.
Considerando que essas forças contam, também, com o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e que dispõem de um poder de fogo semelhante, e em alguns casos de combates urbanos, até superior ao Exército Brasileiro, os ensaios violentos e anti-democráticos podem ser comparados a exercícios bélicos.
Considere-se também a força política “civil” representada pelas milícias digitais e seu exército de robôs, agora reforçada pelo chamado Gabinete do Ódio instalado no próprio Palácio do Planalto. E por incrível que pareça essas forças reacionárias, hoje, eleitoralmente minoritárias, mantém o seu apoio a Bolsonaro apesar do desastre genocida promovido por ele na pandemia do coronavírus.
Os ódios racistas, misóginos, ambientais, homofóbicos e anti-igualitários são mais fortes do que qualquer traço de empatia ou compaixão que ainda lhes reste. Talvez não sejam capazes de ganhar outra eleição, mas parecem determinados a manter o energúmeno genocida no poder de qualquer forma.
Manifestação popular é antídoto ao bolsonarismo
Acho, portanto, que estamos diante de uma grande ameaça à vida, ao meio-ambiente e à democracia. Sabemos, pelo menos eu acho que sabemos, que a burguesia brasileira é facilmente adaptável a qualquer regime que lhe assegure a manutenção da desigualdade e os ganhos fáceis para o capital financeiro. Suas representações parlamentares, inclusive o chamado centrão, seguem a mesma linha de fidelidade aos governos sejam eles quais forem.
Mas todos eles conhecem também a força do povo brasileiro. As campanhas do ‘Petróleo é Nosso’, das ‘Diretas Já’, do ‘Fora Collor’ demonstram do que a mobilização popular é capaz. Essas campanhas foram puxadas sempre pelas forças políticas da esquerda . Agora mais do que nunca.