Por Henrique Rodrigues e Marcelo Hailer
Mutreta do bolsonarismo nas redes. Uma rede de bolsonaristas, com boa retaguarda financeira, vem recrutando pessoas por R$ 1.500 (para uma jornada de seis horas de “trabalho” diário) para operarem perfis falsos que agem atacando opiniões desfavoráveis ao governo nas caixas de comentários dos veículos de imprensa brasileiros. A denúncia, com print das negociações, foi revelada pelo jornalista estadunidense Brain Mier, que viveu 25 anos no Brasil, atualmente na TeleSUR.
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“Eu estava me perguntando por que tantos bots com menos de 20 seguidores estavam me atacando com os mesmos xingamentos ontem… Foram tantos ataques que tive que bloquear minha conta por algumas horas na véspera do protesto. Basicamente, eram três esses xingamentos: “você é um mentiroso”, “você está espalhando notícias falsas” e “você deveria voltar para o seu país”, escreveu Mier.
Foi a partir desse episódio que o repórter foi atrás de respostas para o comportamento estranho dos perfis que o atacaram e então conseguiu obter um print de negociações envolvendo o administrador de um grupo bolsonarista e uma pessoa interessada no “serviço” de infernizar e rebater críticas ao caótico governo radical do presidente brasileiro.
“Estão vazando informações sobre os aliados do Bolsonaro pagando R $ 1.500 para as pessoas trabalharem em turnos de 6 horas, mantendo 10 contas distintas nas redes sociais, para atacar os esquerdistas”, explicou o jornalista, que disponibilizou a imagem das tratativas em seu perfil no Twitter.
Quem coordena o grupo é um usuário identificado como BR_Admin_019, que antes de dar sequência ao diálogo diz ao interlocutor que precisa checar a origem do contato. Após essa confirmação, o interessado recebe instruções sobre a função que exercerá e a confirmação do “salário” de R$ 1.500 e de sua jornada diária. O responsável pela contratação informa ainda que o novo “funcionário” vai gerenciar 10 perfis e lembra que ele deverá agir “como foi mostrado no treinamento”.
Twitter derruba vários perfis de esquerda no 7 de setembro
Ativistas de esquerda que usam as plataformas digitais como ferramenta de trabalho, tiveram as suas contas suspensas pelo Twitter no 7 de Setembro, quando iriam disputar a narrativa dos atos com os grupos bolsonaristas.
Claudia Gibril, do Coletivo Estrela, revela que ao descobrirem que dois perfis de seu grupo tinham sido suspensos, também começaram a ser notificados de que outras contas de esquerda também tinham sido derrubadas pela plataforma.
“Eles fazem ativismo conosco e também perderam as suas contas e tentamos buscar entender o que se passava, quando fomos fazer o recurso no Twitter não havia uma razão, e nós cumprimos sempre as normas”, critica Gibril.
De acordo com a ativista, as contas que foram derrubadas cumprem as normas, não utilizam palavras inadequadas e “nenhum tipo de ferramenta que não esteja dentro das regras”.
Uma das respostas enviadas pelo Twitter aos administradores das contas é que o bloqueio se deu por conta de spam (publicação em massa), porém, Claudia afirma que é estranha tal alegação, visto que as contas afetadas não praticam spam e nem utilizam robôs.
A militante também não acredita em coincidência – 7 de Setembro – e que pode ter acontecido uma denúncia em massa dos perfiz derrubados.
“É muito estranho que num momento histórico como este, onde as redes sociais e no caso do Brasil principalmente, o Twitter tenha ganho um espaço de suma importância nas disputas eleitorais, as nossas arrobas sejam suspensas pelo próprio Twitter sem uma razão clara. É censura, uma intenção obvia de nos calar”, critica Gibril.
Neste momento, os grupos e militantes que tiveram as suas respectivas contas suspensas estão organizando uma ação coletiva e tentado o diálogo com o Twitter.
Os perfis derrubados pelo Twitter são: @leocosts, @jesusalima, @forabolsonarob, @zeluizoficial, @Pandora, @ArticulaRedes, @RolicaRebelde, @estrelacoletivo, @estrelatuita, @Maritelivre, @VermelhaSim, @IneditaBrasil, @conexaopetista e @PtMaria13.