A derrapada da extrema-direita no primeiro turno das eleições municipais, neste domingo (15), provocou nos bolsonaristas uma avalanche de avaliações desencontradas. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e seu filho Carlos Bolsonaro, reeleito vereador pelo Republicanos, minimizaram o impacto do revés político, aliados demonstraram preocupação com o mau desempenho nas urnas.
Na propaganda política que fez em lives gravadas no Palácio da Alvorada, ao longo das últimas semanas, Bolsonaro pediu voto para 59 candidatos. Nessa lista estava Celso Russomanno (Republicanos), que derreteu em quarto lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Somente dois concorrentes a prefeito endossados por Bolsonaro foram eleitos – um em Ipatinga (MG) e outro em Parnaíba (PI) – e outros dois conseguiram passar para a próxima etapa – Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza. Dos 45 candidatos a vereador apoiados pelo presidente, apenas nove foram vitoriosos.
Em postagens publicadas nessa segunda-feira (16) no Twitter, o assessor-chefe para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, pregou a autocrítica da extrema-direita. Para o bolsonarista partidos do Centrão só colheram resultados promissores porque contaram com a ajuda financeira do governo Bolsonaro, ato que foi chamado de “velha política” pelo presidente em um passado não muito distante.
“Com uma abstenção elevada, a constância da mobilização esquerdista falou mais alto e a esquerda ressuscitou; e a motivação permanente ($$$) dos partidos fisiológicos se impôs mais uma vez e permitiu que eles voltassem a crescer. Ou enfrentamos isso, ou seguiremos perdendo”, escreveu Filipe Martins.
A ala ideológica do governo e os adeptos do “bolsonarismo raiz” também ficaram incomodados com o avanço do discurso contrário a pauta de “costumes” e “família tradicional”.
Militarismo e fraude
Enquanto a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) citava possíveis fraudes na apuração e o presidente defendia o voto impresso, o escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, empurrava a culpa para os generais.
“O péssimo desempenho dos bolsonaristas na eleição não tem mistério nenhum: ludibriado pela conversa mole de generais-melancias, o presidente confiou demais no sucesso inevitável de sua liderança pessoal, sem perceber que ela não passava, precisamente, disso: uma liderança pessoal sem respaldo militante e incapaz, por isso, de transmitir seu prestígio a qualquer aliado”, criticou Olavo nas redes sociais.
No linguajar do guru, “generais-melancias” são aqueles “verdes por fora”, por causa da farda, e “vermelhos por dentro”, numa referência ao comunismo. Sim, militares comunistas na visão de Olavo.
Com informações do Estadão