
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nessa sexta-feira (5) que pode retirar o Brasil da Organização Mundial de Saúde (OMS) se continuar na instituição o que ele chamou de “viés ideológico”. No entanto, há dois anos o país não repassa dinheiro para a organização.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rompeu com a instituição. Trump disse que a OMS foi “pressionada” pela China para dar “direcionamentos errados” ao mundo sobre o novo coronavírus.
A OMS é um organismo da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O Trump cortou a grana deles, voltaram atrás em tudo. E adianto aqui: os Estados Unidos saíram da OMS, a gente estuda no futuro. Ou a OMS trabalha sem o viés ideológico, ou nós vamos estar fora também. Não precisamos de gente de fora dar palpite na saúde aqui dentro”, afirmou Bolsonaro nesta sexta.
Desde que a OMS reconheceu a pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro costuma desrespeitar as orientações da organização sobre a forma de prevenção.
Enquanto a OMS, especialistas e o próprio Ministério da Saúde orientam o isolamento social, Bolsonaro vai a manifestações pró-governo e cumprimenta apoiadores.
Além disso, a OMS recomenda o uso de máscara como forma de prevenção. Bolsonaro não costuma usar máscara quando vai aos atos ou até usa em um momento, mas depois retira.
Para o presidente brasileiro, a OMS atua como “organização partidária”. “É o seguinte: ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política, partidária, assim, vamos dizer, até partidária, ou nós estudamos sair de lá”, declarou o presidente.
Inadimplência
Bem antes da declaração polêmica de Bolsonaro, o Governo Federal deixou de pagar suas contribuições anuais ao orçamento da OMS em 2019 e 2020, acumulando dívida de US$ 32,4 milhões junto à organização.
Os dados são dos balanços financeiros da OMS, atualizados pela última vez no último dia 31 de março.
A parcela referente ao ano passado, de US$ 18,3 milhões, venceu no dia 1º de janeiro de 2019. Na mesma data em 2020, outra fatura venceu, no valor de US$ 14,1 milhões.
Pelo câmbio atual, a dívida corresponde a R$ 167,3 milhões. De acordo com a OMS, os pagamentos do Brasil respondem por 2,9% do orçamento obrigatório do organismo.
Pela Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020, a primeira elaborada pelo Governo Bolsonaro, o Ministério da Saúde só dispõe de R$ 946,6 mil na rubrica de “Contribuição à Organização Mundial da Saúde”.
No ano passado, quando o orçamento ainda havia sido apresentado pelo Governo Temer, esta linha do orçamento teve R$ 1,9 milhão, situação bem diferente do que ocorreu em 2018, quando a LOA destinou R$ 60 milhões para a rubrica e, posteriormente, o Governo elevou o valor para R$ 134,9 milhões.