
Jair Bolsonaro (sem partido) demitiu nesta quarta-feira (9) o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. A demissão de Antônio já havia sido noticiada na tarde desta quarta pelo colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, que adiantou a saída do ministro seria oficializada até o fim do dia.
No entanto, de acordo com a CNN Brasil, Bolsonaro antecipou em algumas horas o desligamento do titular da pasta, depois de Antônio cruzar com o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos no terceiro andar do Palácio do Planalto. A Veja afirmou que os dois tiveram de ser separados para evitar que saíssem ‘no braço’.
Ainda segundo a CNN, o presidente da Embratur, Gilson Machado, é o nome mais cotado para assumir a pasta. Marcelo Álvaro Antônio se envolveu na terça-feira (8) em mais uma polêmica envolvendo os ministros do Governo ao usar um grupo de WhatsApp com para atacar Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto. A briga foi confirmada à reportagem por três fontes, depois de ser revelado pela coluna Radar, da revista Veja.
Nas mensagens, Álvaro Antônio acusou Ramos de conspirar para tirá-lo do cargo junto a Bolsonaro. Nas palavras de outra fonte do Planalto, ele “entrou no pau” contra o ministro da Segov, irritado porque ele estaria negociando cargos com o Centrão do Congresso, entre eles o próprio Ministério do Turismo.
O presidente Bolsonaro, por sua vez, teria se irritado ao ver a exposição de mais uma briga entre integrantes do governo. O ministro do Turismo então voltou ao grupo para se retratar com Ramos e colocar panos quentes na discussão, admitindo que se excedeu.
Desgaste desde o ‘laranjal’ do PSL
Filiado ao PSL, Antônio é presidente do partido em Minas Gerais e estava no cargo desde a posse do presidente, tendo assumido o cargo em janeiro de 2019. Um mês depois, a Folha de S. Paulo noticiou a suspeita de um esquema de candidaturas “laranja”, direcionando o dinheiro das verbas públicas para empresas ligadas a membros do gabinete de Antônio na Câmara.
Na denúncia, o jornal afirma que como presidente do partido em Minas Gerais, ele era responsável por redirecionar R$279 mil a candidatas, que era o valor mínimo imposto pela Justiça Eleitoral destinado a mulheres candidatas em postos políticos. Dos R$ 279 mil repassados às candidatas, pelo menos R$ 85 mil foram redirecionados a contas de quatro empresas de assessores, parentes ou sócios de seus assessores.
O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais o denunciou em outubro do mesmo ano por três crimes: falsidade ideológica, apropriação indébita eleitoral, que é quando o candidato se apropria com os recursos destinados ao financiamento eleitoral para proveito próprio, e associação criminosa. Outra dez pessoas também foram denunciadas.
O indiciamento do ministro pela Polícia Federal ocorreu no dia 3 do mesmo mês, pelo crime eleitoral de omissão na prestação de contas e também pelo crime de associação criminosa. As investigações foram feitas de forma conjunta entre PF e Ministério Público.
A denúncia do laranjal do PSL desencadeou a queda do então ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Gustavo Bebianno, desgastou a relação dom Luciano Bivar (PE), presidente da sigla, culminando na saída do presidente do partido, e já havia colocado o nome de Antônio em meio à tormenta vivida pelo governo à época, o que pode ter colaborado para a demissão desta quarta.
Com informações do jornal O Globo e Istoé