Depois de estipular até março passado para definir seu futuro partidário, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) adentra o mês de abril ainda sem avanços na pauta. Apesar de ter aberto conversa com cinco partidos, incluindo o PSL, não há qualquer sinal de que o mandatário esteja próximo de definir a legenda que o acompanhará nas Eleições de 2022.
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Sem partido após deixar o PSL em 2019 por divergências internas, Bolsonaro e seus aliados tentaram emplacar o próprio partido, intitulado Aliança pelo Brasil. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no entanto, o Aliança tinha até 1º de abril quase 90 mil filiações válidas. Para obter o registro na Justiça Eleitoral, um partido em formação precisa de 492 mil.
Lideranças do movimento já reconhecem que é difícil o projeto sair do papel a tempo da corrida presidencial do ano que vem, principalmente devido à crise política e sanitária enfrentada pelo presidente durante a pandemia da Covid-19. Mesmo assim, o advogado Luís Felipe Belmonte, vice de Bolsonaro no comando do Aliança pelo Brasil, afirmou que a criação do partido seguirá ativa.
“Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O presidente tem noção exata da conveniência política dele. Outra coisa é o partido que está sendo formado”, disse o advogado. “A opção do presidente depende da avaliação dele. Mas em nenhum momento houve orientação para que a gente deixasse de concretizar nossos objetivos. A minha função é deixar o partido pronto.”
Luís Felipe Belmonte
O possível retorno de Bolsonaro ao PSL
Nesse cenário incerto, Bolsonaro tenta encontrar uma espécie de “partido de aluguel” para concorrer à reeleição, considerando até um retorno ao PSL, sigla que o elegeu em 2018. De acordo com o UOL, porém, o presidente do partido, deputado federal Luciano Bivar (PE), não está tão disposto a entregar o comando nos termos exigidos pelo chefe do Executivo.
Bolsonaro estaria exigindo o controle sobre as finanças e diretórios e a expulsão de deputados de alguns deputados, como Joice Hasselmann (SP), o que não é tão fácil de ocorrer. Na opinião de deputado da ala bolsonarista do PSL ouvido reservadamente, Bivar está adiando uma decisão quanto ao possível retorno do presidente para impedir que, caso isso ocorra, perca autoridade dentro da sigla.
Além disso, parte do PSL ainda avalia se realmente é um bom negócio associar sua imagem à de Bolsonaro por considerar que o presidente não carrega bons ativos. Dizem faltar a Bolsonaro, por exemplo, índices positivos constantes na economia e ações no enfrentamento da Covid-19.
Outros partidos no jogo
Além do PSL, Bolsonaro manteve conversas com o PTB , PL, Patriota e o Partido da Mulher Brasileira, onde acreditava que teria maior controle. No entanto, até agora não houve nenhum avanço com as siglas.
O PTB tornou-se uma alternativa a partir da relação de proximidade do presidente com o ex-deputado Roberto Jefferson, um dos personagens do episódio do mensalão, em 2005. Já quanto ao PL, um convite foi feito por intermediação do senador Jorginho Mello (PL-SC), com a benção do ex-deputado Waldemar Costa Neto, cacique da legenda.
O presidente nacional do Patriota, Adilson Barroso, afirmou ao UOL que o partido continua de “portas abertas” para Bolsonaro. “Não conversamos mais sobre esse assunto. Eu achei que ele já tivesse alguma definição”, comentou.
Com informações do UOL