Na tarde desta terça-feira (23), o governo federal oficializou, em uma edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU), a nomeação do médico cardiologista Marcelo Queiroga como ministro da Saúde, em substituição ao general Eduardo Pazuello. Queiroga é o quarto titular da pasta na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). Na mesma edição, o mandatário também expediu a exoneração de Pazuello do comando da Saúde.
A exoneração de Pazuello ocorre no mesmo dia em que foi realizada uma discreta cerimônia de posse de Queiroga no Palácio do Planalto. Em meio à tensão com o Centrão, o Planalto não divulgou o evento.
Atraso na nomeação
Queiroga foi anunciado como novo chefe da pasta na última segunda-feira (15) após dias de números recordes da pandemia da Covid-19 no país. Sua nomeação era esperada para o dia seguinte, mas não ocorreu. O Estadão mostrou que médico aparece nos registros da Receita Federal como sócio de três empresas, das quais em duas era identificado com sócio administrador, o que estava atrasando a nomeação. O vácuo deixado na pasta vinha sendo alvo de críticas até mesmo por parte de integrantes da base aliada de Bolsonaro na Câmara.
De acordo com a revista Crusoé, Queiroga também é réu em ação penal por crime contra o patrimônio público, denunciado por apropriação indébita previdenciária.
Além da ligação de Queiroga com as empresas e a justiça, o destino de Pazuello também travava a oficialização da mudança no comando da pasta. Conforme o Estadão mostrou, Pazuello deve assumir a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que pode sair do Ministério da Economia e ir para o guarda-chuva da Secretaria-Geral da Presidência.
De acordo com o Estadão, ao menos cinco ministros entraram em campo para tentar dissuadir Bolsonaro da ideia. A avaliação é de que não há tempo a perder na agenda de concessões, e que dar o posto ao general, cuja atuação no Ministério da Saúde era criticada, pode ser fatal para a imagem da gestão Bolsonaro nessa área.
Com informações do Estadão