O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pretende disputar a reeleição em 2022 com o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) como candidato a vice, afirma Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, a intenção foi verbalizada pelo presidente a três aliados.
De acordo com esses aliados, Bolsonaro disse que não conseguiu estabelecer uma relação de completa confiança com o militar. Ele ainda ressaltou que Mourão foi escolhido em 2018 devido a uma dificuldade, na época, para encontrar um nome para sua chapa eleitoral.
Na período, aliados do hoje presidente reconheciam que Mourão era uma boa saída para Bolsonaro, por fidelizar apoio nas Forças Armadas. Agora, após serem informados da intenção do presidente de escolher outro nome para a chapa eleitoral, a instituição passou a avaliar uma espécie de saída honrosa para o general.
Eles defendem que o militar, que acumulou capital político no cargo, siga na vida pública e dispute, em 2022, um mandato de senador ou de governador no Rio Grande do Sul, estado em que chefiou o Comando Militar do Sul.
Relação estremecida
A relação de Bolsonaro e Mourão passa por idas e vindas desde o início do governo. Um dos principais motivos é o espaço que o general ganhou junto à opinião pública, sendo considerado mais preparado que ele para conduzir a Presidência da República.
Além disso, o vice-presidente constantemente concedeu declarações que faziam um contraponto a posturas manifestadas pelo presidente -o que, de acordo com assessores palacianos, incomodava Bolsonaro.
Recentemente, após adotar um período de submersão, Mourão comentou sobre o o futuro leilão da telefonia 5G no país e disse que o Brasil não distingue as empresas que participam do processo pelo seu país de origem. A declaração irritou Bolsonaro, que deixou claro, em live nas redes sociais, que quem decidirá o processo de escolha é ele.
No início de setembro, o presidente ainda alfinetou o general orientando uma youtuber de dez anos a fazer uma pergunta a Mourão durante uma reunião ministerial. “Você quer ser presidente?” questionou a garota. “Em hipótese alguma”, respondeu.
Possíveis candidatos a vice-presidente
Caso consiga viabilizar o partido Aliança pelo Brasil, Bolsonaro avalia ter um candidato a vice-presidente de uma sigla do centrão, de preferência evangélico. A ideia é, assim, fidelizar o voto do eleitorado religioso e contar com palanques regionais de um partido grande.
A legenda mais cobiçada pelo presidente, de acordo com deputados bolsonaristas, é o Republicanos, partido a que estão filiados dois de seus filhos: o senador Flávio e o vereador Carlos.
Mas há também a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Além de ajudar a fidelizar o apoio do setor do agronegócio, sua indicação atrairia o apoio do DEM, partido a que ela é filiada. Mas, por ora, no partido há forte resistência a um eventual apoio à reeleição de Bolsonaro, sobretudo na cúpula da sigla.
Com informações da Folha de S. Paulo