
O discurso em tom bélico do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nessa terça-feira (10) está, na avaliação de especialistas, desconectado do arranjo atual das Forças Armadas do país. Segundo revelam os dados, o maior peso na verba da defesa brasileira é nos gastos com militares inativos e pensionistas. As informações são da Folha de S. Paulo.
De acordo com dados levantados pela Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, foram investidos R$ 12,8 bilhões em defesa no ano passado pelo governo federal, de um orçamento total de R$ 116 bilhões da pasta.
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Por outro lado, foram quase R$ 50 bilhões no pagamento de militares inativos e pensionistas. Outros R$ 28,6 bilhões bancaram salários dos integrantes das Forças Armadas que estão em atividade.
“Os militares entram na inatividade mais cedo do que os civis e alguns ainda deixam pensões vitalícias. É uma estrutura que pesa muito”, afirma o economista e consultor do Senado Pedro Nery.
O Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri) divulga anualmente um relatório sobre os gastos militares no mundo. O Brasil ocupa atualmente a 77ª colocação, ao ter desembolsar 1,48% do PIB (Produto Interno Bruto) em defesa em 2019.
O Ministério da Defesa também reconheceu que há desequilíbrio de gastos.
“O Brasil é o quinto maior país do mundo em território, possui a quinta maior população e o oitavo Produto Interno Broto (PIB). […] Verifica-se, portanto, que, proporcionalmente, os gastos de Defesa do Brasil estão bem abaixo de suas dimensões física, econômica e populacional”, afirmou a pasta em setembro passado, ao citar o relatório do Sipri.
Juliano Cortinhas, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), não vê como provável um conflito armado entre Estados Unidos e Brasil. Para ele, a fala de Jair Bolsonaro foi mais um discurso voltado a sua base de apoio político.
Entretanto, aceno tem repercussão negativa na imagem e na inserção internacional do Brasil, inclusive podendo afastar investidores estrangeiros em um momento de crise econômica, agravada pela pandemia do novo coronavírus.
Com informações da Folha de S. Paulo