“O Brasil não pode mais se submeter a modelos internacionais pré-estabelecidos”. Esse é o posicionamento do presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira. Nesta última quarta-feira (29), o dirigente participou do quinto debate promovido pelo Instituto Pensar e o site Socialismo Criativo, em conjunto com o PSB, para debater a Autorreforma.
As lives são realizadas às quarta-feiras e promovem discussões a partir da concepção de “Revolução Brasileira” elaborada pelo historiador Caio Prado Júnior.
O debate teve como convidado o pró-reitor de administração da Universidade Federal do Paraná, o doutor em Economia Marco Antônio Cavalieri. A transmissão contou ainda com a participação de Domingos Leonelli e da coordenadora da Região Sudeste da Juventude Socialista Brasileira, Juliene Silva. A mediação foi de James Lewis.
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Componente social da política econômica
Siqueira destacou o componente social da política econômica defendida pelo PSB em sua Autorreforma. O dirigente ressaltou a necessidade de promover igualdade, prosperidade e sustentabilidade. Ele frisou ainda as diferenças entre o socialismo e o capitalismo.
”Se não criarmos riqueza, prosperidade, não há como financiar projetos sociais. Apesar de o capitalismo gerar essa riqueza, ele é concentrador de renda e quanto mais se desenvolve, mais depreda o meio ambiente. Sem um planejamento interno, elaborado com as características próprias do país, não haverá desenvolvimento.”
Carlos Siqueira
Plano Nacional de Desenvolvimento
Entre as propostas econômicas presentes da Autorreforma está a elaboração de um Plano Nacional de Desenvolvimento. O convidado para o debate, professor Cavalieri, parabenizou a iniciativa socialista. Ele também criticou que desde os anos 1980 e 1970 a elaboração de planejamentos parece algo mofado ou antigo.
“A verdade é que os países que se desenvolveram fizeram planos e planejaram onde eles iriam chegar. Então ter um plano não é uma coisa secundária, não é uma coisa pequena dentro do pensamento econômico que o PSB propôs.’’
Marcos Cavalieri
Amazônia 4.0 na Autorreforma
Juliene explicou que através de um plano de desenvolvimento é possível detectar onde estão as potencialidades do país e, a partir daí, direcionar investimentos necessários para o crescimento. Ela também frisou a importância da Amazônia para a economia brasileira.
“As teses da Autorreforma dão à sustentabilidade toda sua importância. Precisamos compreender que os recursos da Floresta Amazônica não podem ser repostos, não é possível manter a política atual de geração de lucros quando temos uma biodiversidade que pode ser explorada de maneira sustentável e gerar produtos de maior valor agregado e assim desenvolver melhor a economia brasileira.”
Juliene Silva
Realidade brasileira
Leonelli ressaltou a importância de analisar a realidade brasileira para construir uma teoria própria para a revolução nacional. Para ele, é um equívoco basear o desenvolvimento do Brasil em modelos estrangeiros .
“O Brasil sempre importou modelos, não é possível construir uma revolução sem compreender nosso processo histórico. Os projetos sociais, por exemplo, foram muito importantes para os brasileiros, mas incapazes de trazer o mínimo de igualdade permanente, foram pontuais e não estruturais.”
Domingos Leonelli
Já participaram do ciclo de debates o economista Luiz Gonzaga Belluzo, o geógrafo Elias Jabbour, o professor José Luiz Borges Horta e o socialista e ex-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Jonas Donizette.
Confira a live na íntegra:
A palavra ´Socialista´, encontra-se extramente desgastada perante a opinião pública em geral. Conforme diz o Presidente Siqueira, nós do PSB, precisamos, no dia a dia, ficar explicando qual ´tipo´ de Socialismo nós defendemos em que ´Liberdade´ e ´Igualdade´ são conceitos efetivos de políticas públicas do nosso partido.
Em razão disso, faz-se necessária a consideração da adoção de nomenclatura neutra em que os sonhos e ideais de nossos fundadores históricos sejam integralmente preservados, nesse sentido ao adoção da nomenclatura inicial para que sejamos um ´Partido da Esquerda Democrática´ ou um ´Partido da Frente Democrática´, o que contemplará em nossos estatutos todos os princípios ideológicos que sempre fizeram parte da história e dos Programas de Governo do nosso PSB.
Deduzo de forma empírica, que se fizer uma pesquisa, de 20 a 30% dos brasileiros gostariam de ser filiados a um partido de Esquerda, porém, recusam em nossas interlocuções assumirem uma doutrina exclusivamente ´Socialista´, o que nosso partido de fato não defende, pois a experiência desde a Revolução de 1917, a expressão ´socialista´ acabou vinculado a regimes fechados, ditatoriais, com a exclusividade do exercício do poder reservado às lideranças de um partido único.
Além da experiência soviética que naufragou nos anos 1980, também o regime da Revolução Cubana e da atual experiência da Venezuela são experiências que não coincidem com os princípios democráticos e plural que animaram nosso fundadores da Esquerda Democrática no fnal da 2a Guerra Mundial e que não aceitavam nem o alinhamento subordinado ao imperialismo dos EUA nem se alinhava ao regime fechado da URSS.
Assim, para consideração e debates, proponho a inclusão dessa temática num amplo debate pois contemplada no espírito de autorreforma a que nos propomos e que ora nos mobiliza.
Saudações socialistas e democráticas,
José Roberto F. Militão, PSB e NSB-CAPITAL/SP
filiados desde a refundação do PSB em 1985,