
Os ataques do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aos esforços de fiscalização e monitoramento da Amazônia foram alvo de críticas do deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP). O parlamentar socialista participou de audiência pública promovida pela Comissão Externa – Queimadas em Biomas Brasileiros, da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (26).
O evento debateu os resultados das auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre fiscalização e combate a incêndios florestais e desmatamento ilegal. Capiberibe comentou sobre a atuação do titular do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
“Nós tivemos o desmonte do Fundo Amazônia em que boa parte desses recursos eram destinados a apoiar a fiscalização monitoramento das áreas desmatadas. Esse ataque do ministro Ricardo Salles as ONGs vão contra um monitoramento importantíssimo que é realizado por essas organizações.”
Camilo Capiberibe
Críticas à política ambiental
Em vídeo divulgado pelas redes do PSB na Câmara, o parlamentar socialista criticou os ataques de Salles às ações de fiscalização e monitoramento da Amazônia.
Economia da sociobiodiversidade
Capiberibe alertou ainda sobre a existência de uma economia da sociobiodiversidade que também deve ser levada em consideração nas auditorias do TCU. Ele usou como exemplo o açaí. “Se você for em um supermercado em Brasília ou se você andar em capitais do mundo inteiro, vai encontrar ele sendo comercializado e o açaí nem era conhecido aqui na região Sul há 20 anos”, comentou.
O tema da sociodiversidade da Amazônia também é abordado pelo Partido Socialista Brasileira (PSB) em sua Autorreforma, projeto para elaborar um novo estatuto partidário e um projeto nacional de desenvolvimento baseado na economia criativa e na sustentabilidade.
De acordo com capítulo do livro 3 da Autorreforma do PSB, que aborda o projeto Amazônia 4.0, os socialistas mostram que um hectare de um sistema agroflorestal amazônico, mesmo sem industrialização, produz por ano uma lucratividade que é muitas vezes maior do que a lucratividade do gado, e é pelo menos o dobro da lucratividade da soja.
“Já são conhecidos pela ciência, e em condições de gerar novos produtos de alto valor agregado, mais de 450 insumos de biodiversidade. Hoje, a venda do açaí, por exemplo, traz mais de 1 bilhão de dólares, por ano, para a economia da Amazônia brasileira. Já ultrapassa, portanto, a madeira, só perdendo para a carne bovina.” Autorreforma do PSB
O açaí gera cerca de US$ 1.500 por tonelada, para produtores, enquanto a soja rende no máximo US$ 200. O açaí poderia gerar ainda mais valor, se fossem produzidos no Brasil os mais de 50 produtos dele derivados, que estariam sendo desenvolvidos nos Estados Unidos.
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Desmatamento em alta na Amazônia
Na semana passada, no dia 22, foi realizada a Cúpula dos Líderes para o Clima. O evento organizado pelo governo dos EUA contou com a participação do presidente do Brasil. Com um discurso repleto de informações falsas, imprecisas e descontextualizadas, Bolsonaro gerou uma onda de protestos virtuais com críticas à política ambiental de sua gestão de políticos, celebridades e ambientalistas.
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Os protestos ocorreram no momento em que o desmatamento na Amazônia atinge índices preocupantes. Segundo levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), só em 2020, foram 810 km² desmatados da Amazônia Legal, área equivalente à cidade de Goiânia.