
Depois de barrar o acesso de representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) ao país, nesta quarta-feira (6), a China deu outra versão sobre sua recusa em permitir o estudo acerca das origens da Covid-19, ao afirmar que ainda está negociando o acesso com o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).
Um dia depois que o chefe da Organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarar que estava “muito desapontado” com o fato da China não ter autorizado a entrada de uma equipe de 10 membros, a China insistiu que havia um “mal-entendido” entre os dois lados sobre as datas acordadas para a visita, acrescentando que as discussões estavam em andamento.
Na última terça-feira (5), Tedros confirmou que membros da equipe científica internacional começaram a deixar seus países de origem, mas que só então descobriram que as autoridades chinesas ainda não haviam finalizado as permissões necessárias.
Origem do coronavírus
A aparente obstrução da missão pela China, que a OMS descreve como uma prioridade, surge em meio às tentativas do país de reformular a narrativa de onde a doença se originou, apesar das análises científicas apontarem que a Covid-19 primeiro saltou de animais para humanos na China.
O novo coronavírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan no final de 2019 e, desde então, se espalhou pelo mundo. Muito permanece desconhecido sobre suas origens e a China tem sido sensível a qualquer sugestão de que poderia ter feito mais nos estágios iniciais da pandemia para impedi-la.
Os cientistas inicialmente acreditaram que o vírus atingiu os humanos em um mercado que vendia animais exóticos para comprar carne na cidade de Wuhan. Mas alguns especialistas agora acham que o mercado pode não ter sido a origem do surto, mas sim um lugar onde ele foi ampliado.
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É amplamente assumido que o vírus veio originalmente de morcegos, mas o hospedeiro animal intermediário que o transmitiu entre morcegos e humanos permanece desconhecido.
Geopolítica polarizada
Todos estes acontecimentos ocorrem em um ambiente geopolítico altamente polarizado – o presidente norte-americano, Donald Trump, insiste em chamar o coronavírus de o “vírus chinês” –, enquanto Pequim tem promovido uma agressiva diplomacia para salientar a sua eficácia na contenção do vírus, encerrando a região em torno de Wuhan. A China também tem promovido a ideia de que a pandemia surgiu em múltiplas regiões e não apenas em Wuhan.
Em julho do ano passado, a China recebeu uma missão científica para estudar a origem do vírus, liderada por Peter Ben Embarek, um especialista em doenças animais que cruzam a barreira das espécies e afetam os seres humanos, informou a Reuters.
Com informações do Público.pt, Reuters e Istoé