Com Lucas Rocha
O consumo de ovos no Brasil, que já havia aumentou em 2020, voltou a crescer em 2021 e estabeleceu um novo recorde. Com a alta no preço da carne vermelha, os ovos se tornaram a principal alternativa. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, aponta para uma variação de mais de 15% nas carnes em 12 meses.
Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a média de consumo de ovos por pessoa subiu de 251 para 255 em 2021. No total, a produção foi de 54,503 bilhões de unidades, mais de um bilhão acima do produzido no ano anterior.
Em 2022, o consumo deve aumentar ainda mais, chegando a uma média de 262 unidades de ovos por pessoa. Houve ainda um aumento no consumo das carnes de frango e suína.
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Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, esse avanço só foi possível por conta do estabelecimento do auxílio emergencial – criado pelo Congresso Nacional após muita resistência do governo Jair Bolsonaro. “A avaliação do comportamento do consumo em 2021 ao longo dos meses mostra o impacto destes programas de apoio para o acesso da população às proteínas de aves, suínos e ovos. Este é um dos fatores que deve manter os níveis de consumo no próximo ano”, disse.
Dados do IPCA apontam para o aumento de 15% no valor das carnes em 12 meses. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo de carne vermelha no Brasil é o menor dos últimos 26 anos. O preço do ovo também subiu no período; a variação foi de 17% segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV.
Isso acontece também em meio ao agravamento da insegurança alimentar no país, onde o drama da fome fez as pessoas formarem filas por ossos e restos de carne. Ao menos 2 milhões de famílias foram jogadas na pobreza extrema no governo Bolsonaro.
Carne tem alta de 69,9%
Além de ter jogado ao menos 2 milhões de famílias na pobreza extrema, Jair Bolsonaro tem dificultado cada dia mais o acesso de pobres à proteína animal. O preço da carne e até o ovo tiveram alta de mais de dois dígitos e sumiram das mesas dos brasileiros mais humildes.
No geral, o preço da carne aumentou em média 14,5% em 2021 e a expectativa para o próximo ano é de um reajuste mínimo de 20%, segundo projeções da XP Investimentos., da LCA Consultores e do Banco Alfa, ouvidos pelo jornal.
No resultado acumulado em 12 meses até agosto, o item carnes subiu 30,77%, muito acima dos 13,94% do grupo de alimentos e bebidas e três vezes a taxa de 9,86% do IPCA geral, já muito elevada.
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, subiu, novamente, de 8,35% para 8,45% neste ano. É a 25ª elevação consecutiva na projeção. A estimativa está no Boletim Focus, divulgado no último dia 27, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos.
Para 2022, a estimativa de inflação é de 4,12%. Para 2023 e 2024, as previsões são de 3,25% e 3%, respectivamente.
A previsão para 2021 está acima da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior de 5,25%.