Dados do Google mostram que a busca pelo termo “negritude” sempre atinge picos na semana de novembro em que o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra. O que poucos sabem é que o termo “negritude” foi cunhado pelo poeta e político martinicano Aimé Césaire.
Dados do UOL relembra que a palavra estreiou no vocabulário mundial em “Diário de um retorno ao país natal” (1939). A falta de interesse pelo trabalho dos pensadores africanos e afro-diaspóricos — que pode ser explicada pelo racismo, pelo apagamento da produção cultural e intelectual do continente africano e pelo fato de que a maioria desses autores escrevia em inglês ou francês — fez com que o livro só fosse publicado no Brasil em 2012, quase 73 anos depois de seu lançamento.
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Césaire não é exceção. As contribuições de pensadores como Edward Blyden, Frantz Fanon, Marcus Garvey, George Padmore, Richard Wright, Amílcar Cabral e outros — cada um à sua forma e com suas próprias teorias — para a luta anti-colonialista, a independência dos países africanos na segunda metade do século 20 e até mesmo para a luta contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, foram deixadas de lado por muito tempo.
“Houve, claramente, um apagamento dos intelectuais negros nas ciências sociais brasileiras, talvez pelas próprias necessidades históricas brasileiras no que diz respeito ao pensamento sobre o capitalismo periférico e o desenvolvimentismo”, explicou ao UOL o sociólogo e pesquisador congolês Serge Katembera.
No campo das ideias, os pensadores africanos e afro-diaspóricos criaram e modelaram conceitos que seguem até hoje, como pan-africanismo, personalidade africana e negritude, por exemplo.
Para Muryatan Barbosa, pesquisador e professor da UFABC (Universidade Federal do ABC), o pensamento africano foi mais relevante para as artes e para a teoria social do que para as questões específicas advindas da especialização das ciências humanas e sociais.
Ainda assim, Barbosa salienta que os estudos sobre o continente, mesmo os não conduzidos por pesquisadores africanos, “foram muito relevantes para a renovação destas ciências [humanas e sociais] no ‘Ocidente’ (Europa e América do Norte), desde então”.
Com informações do Uol