De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cada 19 horas morre um trabalhador da rede hospitalar brasileira. Segundo a pasta, dos 484.081 profissionais infectados do início da pandemia até 1º de março deste ano, 470 trabalhadores do setor morreram.
As informações foram retiradas do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), que é abastecido com declarações de óbitos e do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), no qual não é obrigatório o preenchimento do campo “ocupação”.
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Essas duas particularidades das fontes de dados podem mascarar os números reais devido à subnotificação. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Confen) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), 551 médicos e 646 enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem brasileiros já perderam a vida para o coronavirus. Esse número corresponde à cerca de uma morte a cada sete horas e meia.
Pior semana da pandemia
Outro ponto a ser considerado no levantamento é o período analisado. Entre os dias 1º e 8 de março, o Brasil registrou o maior aumento e o maior número de casos de mortes desde o início da pandemia, intervalo que ainda não faz parte do número divulgado, mas que, certamente, irá provocar um aumento no já excessivo número de mortos.
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Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, afirmou que a morte de profissionais da saúde tem relação direta com a má gestão e a política descoordenada de autoridades públicas brasileiras.
“A falta de enfrentamento unificado da pandemia, a má aplicação do orçamento da saúde destinado ao combate da Covid-19 e a falta de exemplo de autoridades brasileiras diante de inúmeras recomendações de segurança e proteção foram fatores determinantes para as mortes dos profissionais de saúde e demais pessoas vítimas da doença”, comentou ela.
Grave situação
Enquanto o Ministério da Saúde segue patinando na formulação de um plano efetivo para promover a imunização e continua afirmando realizar esforços para conter a pandemia, a situação vivida por quem está na linha de frente do tratamento aos infectados é outra. Representantes do Cofen afirmam já ter recebido mais de 9 mil denúncias de irregularidades, desde a falta de equipamentos básicos de proteção individual, escassez de insumos, jornadas de trabalho exaustivas, etc.
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O vice-presidente do CFM, Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PSB) disse, também em entrevista à Folha, que os profissionais de saúde estão “exaustos fisicamente e psicologicamente”, o que força esses profissionais a se afastarem para tratar problemas de saúde. Segundo ele, a falta destes equipamentos e de uma infraestrutura básica coloca o profissional em risco.
De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento, já foram disponibilizadas doses da vacina contra o coronavirus para imunizar 81% dos profissionais da saúde.