
A cada quatro pessoas que morreram em decorrência da Covid-19 no mundo esta semana, uma é do Brasil. Embora o país tenha somente 2,7% da população mundial, o assustador crescimento nos óbitos, que emendou seu 20º recorde seguido na média diária desta quinta-feira (18), fez com que representássemos 23% das mortes pelo coronavírus no planeta.
Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 2.724 mortes, o terceiro maior número desde o início da pandemia. Também foram registrados 87.169 casos da doença, o segundo maior valor da pandemia. O recorde de infecções ocorreu na quarta, 90.830. Com isso, o país chega a 287.795 mortes e a 11.787.600 infecções por Covid-19.
Os dados brasileiros são os aferidos pelo consórcio de veículos de imprensa integrado por Folha de S. Paulo, Uol, G1, Estadão, Extra e O Globo e coletados até as 20h com as secretarias de saúde dos estados, e os do mundo são contabilizados pela Universidade Johns Hopkins (EUA).
Além do novo recorde, na última quinta, o país completa 57 dias seguidos com média móvel de mortes acima de mil. O quadro da média móvel brasileira por 100 mil habitantes também contrasta com as situações das nações com mais mortes pelo coronavírus: Estados Unidos, México, Índia e Reino Unido.
Projeções pessimistas para o Brasil
Em meio ao colapso no sistema de saúde e novas variantes da patologia em circulação, o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19, afirmou que se as medidas de isolamento não forem reforçadas o Brasil pode chegar a marca de 4 mil óbitos diários pelo coronavírus no fim de abril. A entrevista foi concedida ao jornal O Globo.
“Esse colapso em cascata no país inteiro aumenta a mortalidade a ponto de, se continuar tudo como está, podermos chegar em 4 mil óbitos diários no fim de abril”, afirmou o especialista.
Para conter esse avanço, Schrarstzhaupt afirma crer que é necessária uma redução da circulação de pessoas de no mínimo 60% em relação aos níveis pré-pandemia. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no entanto, vem criticando as medidas de isolamento desde o início da pandemia e reforçou seu posicionamento no pior momento da crise.
“Precisamos de medidas que restrinjam a mobilidade no mínimo 60% a menos do que vinha ficando, para começar a ter alguma redução. Isso comparando com países que fizeram isso e tiveram mais sucesso, como Alemanha, Reino Unido, Portugal. Nesses países provavelmente há menos vulnerabilidade social, menos pessoas que moram na mesma casa, então aqui teria que ser ainda mais forte.”
O coordenador explica ainda que quanto mais rígidas as restrições, menor o tempo necessário para reduzir a contaminação. “Se a gente faz medidas não tão fortes, a mobilidade não cai o suficiente para ter redução sustentada dos casos”, afirma.
Segundo Schrarstzhaupt, é necessário no mínimo 14 dias para começar a desacelerar o número de novos casos. “Com esses dias, começamos a ver redução do crescimento de casos. Mas se resolver ceder no meio do caminho, antes de ter uma queda, pode reverter a tendência e voltar a crescer. Também é preciso fazer um bom plano de reabertura, voltando aos poucos com as atividades”, explica.
Com informações da Folha de S. Paulo