Em meio à tragédia da Covid-19 no Brasil, que já resultou em mais de 444 mil mortes desde o início da pandemia, o nascimento de dois bebês brasileiros com anticorpos contra o coronavírus é uma boa notícia. O catarinense Enrico e a acreana Antonella já vieram ao mundo imunes à doença.
Enrico teve a imunidade contra a Covid-19 transmitida pela mãe, Talita Menegali Izidoro, uma médica de 33 anos que foi vacinada em fevereiro. Já Antonella, nascida em Cruzeiro do Sul (AC) pegou pai e mãe de surpresa ao ser submetida a exame de sangue que mostrou que ela já nasceu imune ao coronavírus.
Enrico já nasceu imune à Covid-19
Assim que nasceu, o catarinense Enrico passou por um teste neutralizante para o coronavírus. Na amostra analisada, foram encontrados 22% de anticorpos contra o Sars-Cov-2, que é o vírus que causa a Covid-19. Segundo especialistas, a imunidade é atingida com índices acima de 20%.
Os resultados dos exames de Enrico foram analisados pelo laboratório responsável pela coleta, a mãe, que é médica, e os responsáveis pelo acompanhamento pré-natal de Talita. “O valor padrão que se coloca para considerar se é reagente ou não é acima de 20%”, explica o secretário de Saúde de Tubarão, Daisson Trevisol.
Por atuar na linha de frente do combate à pandemia em um posto de saúde de Tubarão, Talita foi uma das primeiras vacinadas da cidade. Ela tomou a Coronavac quando estava em sua 34ª semana de gestação. Ela contou que a decisão pela imunização foi tomada em conjunto com seu obstetra, uma vez que, em fevereiro, ainda não havia um protocolo do Ministério da Saúde para a vacinação de gestantes.
Antonella também já tem anticorpos contra a Covid-19
Orientada pelos médicos, a mãe da bebê Antonella Ramirez Jucá, também submeteu a recém-nascida a exame. O resultado mostrou a presença dos anticorpos. O pai do bebê, o militar Maicon Silva Jucá, de 31 anos, contou que a mulher não chegou a apresentar sintomas de Covid-19 na gestação.
A mãe, Joicilene de Souza Ramirez, de 35 anos, tinha feito um teste ainda no oitavo mês de gestação, que deu negativo para a doença. Mas, pelo que novos exames mostraram, ela tem anticorpos contra a infecção causada pelo coronavírus.
Anticorpos de mãe para filho
O infectologista Tião Viana explica que a passagem de anticorpos da mãe para o filho é bastante comum em doenças virais. Mas, alerta que o risco da contaminação durante a gravidez é bastante alto.
“É super comum, o que não tinha era estudo comprovando, mas recentemente houve vários estudos mundiais mostrando que isso acontece sim, que a criança já nasce com algum nível de proteção devido aos anticorpos maternos. Agora, lembrando sempre que o nível de alto risco e gravidade para a mulher grávida é no último trimestre. Os riscos vasculares, como trombose, infartos pulmonares e outros tipos. Por isso, é preciso muito cuidado.”
Tião Viana
O especialista diz ainda que a melhor maneira de prevenir os casos graves nas grávidas é avançar na vacinação para esse grupo, o que determina também que a criança nasça com a mesma proteção. Ele destaca ainda que não é possível saber a duração dessa imunidade.
“É imunidade passiva possivelmente e os anticorpos vão ficar em regra oito ou 12 semanas ou em 40 semanas, não se sabe ainda. Só os estudos de seguimento sorológico é que vão determinar.”
Com informações do Olhar Digital