Recorrentemente desumano e irresponsável, Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na noite da quinta-feira (11) que “não adianta ficar chorando em casa” diante das mortes pela Covid-19. A fala ocorreu no dia em que o Brasil registrou 1.452 mortes pelo coronavírus em 24 horas, o maior índice registrado em 2021 e o terceiro maior de toda a pandemia.
Até então, o maior número de mortes pela doença em 2021 havia sido verificado em 28 de janeiro (1.439). Desde o início da pandemia, em março de 2020, a marca só não foi maior do que as registradas em 29 de julho (1.554) e 4 de junho (1.470).
“A vida continua, temos que enfrentar as adversidades. Não adianta ficar em casa chorando, não vai chegar a lugar nenhum. Vamos respeitar o vírus, voltar a trabalhar, porque sem a economia não tem Brasil”, disse o presidente durante sua live semanal.
Com os novos óbitos registrados nessa quinta-feira (11), o país chegou a 236.397 mortes causadas pelo coronavírus. A média móvel de óbitos dos últimos sete dias também elevou, alcançando 1.073. Este é o segundo maior período em que o Brasil apresenta média de mortes acima de mil em toda a pandemia. Ao todo, já são 22 dias. A sequência mais longa ocorreu entre 3 de julho e 2 de agosto (31 dias).
Bolsonaro e os remédios sem comprovação
Após passar meses defendendo a cloroquina como tratamento precoce contra a Covid-19, Bolsonaro defendeu um novo medicamento sem eficácia comprovada como possível solução. Segundo ele, foi marcada uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para conversar sobre o remédio, ainda em estudo por cientistas israelenses.
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“Em Israel é um spray [que estão testando], estamos em contato, já está acertado o encontro virtual [com Netanyahu] para falarmos sobre esse novo spray que está servindo, pelo menos experimentalmente, para pessoas em estado grave. Está em estado grave? Toma, poxa, vai esperar ser intubado?”, questionou o presidente.
Na semana passada, Israel anunciou que um medicamento experimental contra o câncer pode ajudar na recuperação de pacientes com coronavírus. Acadêmicos israelenses afirmaram que 29 dos 30 pacientes com casos moderados a graves de Covid-19 tratados com EXO-CD24 tiveram uma recuperação completa em cinco dias. O medicamento, que é inalado, foi originalmente desenvolvido para combater o câncer de ovário e ainda requer mais testes.
O estudo não comparou a droga a um placebo, além da amostra dos testes ser muito baixa para tirar qualquer conclusão sobre a eficácia do medicamento. Apesar disso, a ideia de Bolsonaro é trazer o remédio para o Brasil para submeter para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A defesa da cloroquina também não foi esquecida. O presidente ainda comparou o medicamento com as vacinas, dizendo ainda não haver “certificado” para os imunizantes, o que também não condiz com a realidade.
“Quando eu falei remédio lá atrás, levei pancada. Bateram em mim até não querer mais. E a vacina? Entrou na pilha da vacina. O cara que entra na pilha da vacina, só a vacina, é um idiota útil porque nós devemos ter várias opções”, disse.
Com informações do Estadão e do UOL