O Brasil registrou 1.607 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas e totalizou nesta segunda-feira (19) 375.049 óbitos desde o início da pandemia. Os efeitos da crise sanitária impactaram a expectativa de vida da população brasileira, que pode cair até mais de três anos e meio, dependendo da região, por causa do impacto da doença nos índices de mortalidade.
Com os números da Covid-19 desta segunda, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 2.860. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +3%, indicando tendência de estabilidade nos óbitos decorrentes da doença.
Os números são do levantamento do consórcio de veículos de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil, consolidados às 20h. O balanço é feito a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.
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Média móvel de mortes indica estabilidade
Há 89 dias seguidos, o Brasil registra média móvel de mortes acima da marca de mil; o país completa agora 34 dias com essa média acima dos 2 mil mortos por dia. Nos últimos 24 dias, a média esteve acima da marca de 2,5 mil.
Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 13.977.713 brasileiros já tiveram ou têm o coronavírus, com 35.885 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 65.186 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação de +3% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de estabilidade nos diagnósticos.
Sete estados estão com alta nas mortes: AC, AP, ES, MG, PA, RJ e RR; 14 estão em estabilidade: AL, AM, BA, GO, MA, MS, PE, PI, PR, RN, RO, SE, SP e TO; e 5 estados, CE, MT, PB, RS e SC e o Distrito Federal estão em queda.
Covid-19 reduz expectativa de vida
O brasileiro poderá esperar viver menos por causa da pandemia da Covid-19. A expectativa de vida no Brasil pode cair até mais de três anos e meio, dependendo da região, por causa do impacto da doença nos índices de mortalidade.
Os dados foram divulgados pelo Estadão e estão em estudo liderado pela pesquisadora brasileira Marcia Castro, do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard. O trabalho foi submetido para publicação na MedRxiv, da Universidade de Yale, que explicou que essa queda não será pontual.
“Quando acontece um conflito, uma pandemia, algo severo assim, é comum ver esse declínio de expectativa de vida; foi assim na gripe espanhola e nas guerras mundiais. Mas se espera sempre que seja algo temporário, um ponto fora da curva, e logo depois tudo retorne à normalidade. No caso do Brasil, já estamos vendo que 2021 vai ser pior que o ano passado. Existem Estados que somam mais mortes agora do que ao longo de todo 2020, como Amazonas e Rondônia. Além disso, existe uma demanda represada por atenção primária e procedimentos de rotina.”
Márcia Castro, Universidade Harvard
Desigualdades regionais
O Distrito Federal é o local mais afetado, com uma redução estimada de 3,68 anos. O Norte, porém, é a região mais afetada. Lá, as piores situações são a do Amapá (com redução de 3,62 anos), de Roraima (recuo de 3,43) e do Amazonas (menos 3,28).
A Região Nordeste também sofreu um impacto importante, ainda que não tão grave quanto o registrado no Norte. Ali, entre os Estados mais afetados estão Sergipe (redução estimada de 2,21 anos), Ceará (2,09) e Pernambuco (2,01). No Sudeste, a situação mais grave é a do Espírito Santo (com uma perda estimada de 3,01 anos), seguido de Rio (2,62) e de São Paulo (2,17). No Sul, as estimativas de perda de expectativa de vida estão abaixo dos dois anos para os três Estados.
Em São Paulo, unidade da Federação com mais casos do coronavírus, a perda deve chegar a 2,17 anos. Será a primeira redução nesse indicador nacional desde 1940, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em média, a redução da expectativa de vida em todo o Brasil será de praticamente dois anos (1,94). O número é resultado direto das mais de 350 mil mortes já registradas no País pela doença.
“Essas diferenças, em grande parte, eram esperadas pois refletem as desigualdades regionais, no que diz respeito ao número de médicos, de leitos hospitalares, infraestrutura. No Amazonas, por exemplo, todos os leitos de UTI estão concentrados em Manaus.”
Márcia Castro, Universidade Harvard
Efeito Bolsonaro
Márcia ressalta que as unidades da Federação que apresentam os piores desempenhos no enfrentamento à Covid-19 são aquelas cujos governadores se alinham ao negacionismo de Jair Bolsonaro (sem partido).
“Por outro lado, a maioria dos governadores da Região Norte são apoiadores do governo federal e tomaram decisões muito alinhadas às da Presidência. A Região Nordeste, a despeito de ter desigualdades comparáveis às da Região Norte, não teve uma perda de expectativa de vida tão grande, porque os governos adotaram mais medidas de prevenção. São vários fatores. Desigualdades importam, decisões políticas importam; é um mosaico complicadíssimo.”
Márcia Castro, Universidade Harvard
Em 1940, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era muito baixa, de 45,5 anos. Depois disso, com redução da mortalidade infantil e outros avanços da Medicina e do País, o número vem crescendo consistentemente. Em 1980, chegou a 62,5 anos e, no ano 2000, a 69,8. Nas últimas duas décadas, os ganhos foram um pouco mais lentos. Mesmo assim, nunca se registrou decréscimo. Atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de 76,6 anos.
Com informações do G1 e do Estadão