
O Ministério de Saúde sofreu uma nova derrota na batalha do país contra a Covid-19: a licitação para a compra de seringas e agulhas que serão usadas na vacinação contra a doença, já iniciada em mais de 40 países ao redor do mundo, fracassou.
A pasta só conseguiu garantir 7,9 milhões de unidades enquanto buscava adquirir 331,2 milhões. O número corresponde a cerca de 2,4% do total de unidades que a pasta desejava adquirir. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na noite desta terça-feira (29).
Leia também: ‘Atraso criminoso’: demora na vacinação rende mais críticas a Bolsonaro
O pregão eletrônico concluído ontem apontou um único vencedor em um dos quatro itens estabelecidos para compra na modalidade concorrência. Um concorrente chegou a ser chamada pelo leiloeiro para negociar se complementaria o montante desejado, mas não houve avanço. A empresa vencedora ainda terá de passar pela avaliação da área técnica sobre o material a ser comprado.
Nada dos outros três itens do edital foi comprado. Pelo site de compras do governo federal não é possível identificar se houve problema de documentação com as concorrentes ou se a questão se deveu ao preço desejado pelas empresas. Agora, o Ministério da Saúde terá que realizar novo certame, ainda sem data definida.
Plano de imunização comprometido
O governo federal avalia que poderia implementar o plano nacional de imunização a partir de 20 de janeiro, caso alguma vacina seja certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em tempo hábil, mas a dificuldade para a compra das seringas e agulhas deve se tornar um novo complicador.
Geralmente, as compras são realizadas por estados e municípios, mas na pandemia o governo federal tem feito processos de compra unificados na busca de garantir melhor preço e a entrega dos materiais. O Ministério da Saúde foi procurado para falar sobre o resultado da licitação, mas não respondeu.
Alerta feito desde julho
Além da vacinação contra a Covid-19, as seringas e agulhas adquiridas pelo Ministério da Saúde serviriam para a campanha de imunização contra o sarampo.
Leia também: OAB pretende pedir impeachment de Bolsonaro por demora na vacinação
A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) afirma que desde julho alerta o ministério sobre a necessidade de planejar a compra das vacinas.
Superintendente da entidade, Paulo Henrique Fracarro afirma que a indústria nacional teria condições de oferecer cerca de metade das seringas procuradas pela pasta caso o lance mínimo permitido fosse mais alto. Ele disse que a produção destes insumos está mais cara pela variação do câmbio e inflação.
Com informações do jornal O Globo e Estadão