
O Ministro das Relações Exteriores de Cuba Bruno Rodríguez comentou nesta quinta-feira (29) a derrota da manobra instigada pelos Estados Unidos , ao pretender impor uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) para sancionar a ilha.
“O Presidente pró- tempore do Conselho (Embaixador Washington Abdala do Uruguai) admitiu a derrota em uma carta patética que ofende Cuba”.
Bruno Rodríguez
Rodríguez também agradeceu aos países que defenderam a dignidade latino-americana e caribenha, informa a Prensa Latina.
O diretor geral para a América Latina e o Caribe do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, Eugenio Martínez, ratificou que a OEA foi obrigada a “suspender a manobra anti-cubana” diante da decência da maioria na região. “Dignidade contra a ignomínia”, frisou ele.
Segundo relatos da imprensa, o órgão executivo da OEA anunciou uma sessão virtual marcada para a quarta-feira (29) com o suposto objetivo de discutir a situação em Cuba após os distúrbios ocorridos em várias partes da ilha em 11 de julho, instigados pelos Estados Unidos.
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No dia anterior, o presidente da nação caribenha, Miguel Díaz-Canel, descreveu como vergonhoso o passo anunciado na campanha estadunidense contra Cuba, com base na mobilização para esta reunião da OEA.
OEA adia reunião
Organização dos Estados Americanos (OEA) adiou a reunião programada para a manhã da quarta-feira (29) sobre a situação em Cuba, abalada há duas semanas por protestos populares, uma decisão que Havana celebrou.
“O Conselho Permanente da OEA adiou a sessão virtual extraordinária prevista para hoje para abordar a situação em Cuba”, disse o bloco regional em um comunicado, que não estabeleceu uma data para a nova reunião.
A reunião do órgão executivo da OEA, que reúne seus 34 membros ativos, foi convocada pela Presidência do Conselho Permanente, atualmente ocupada pelo Uruguai.
A ordem do dia incluía apresentações da presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Antonia Urrejola, assim como do relator da CIDH para Cuba, Edgar Stuardo Ralón, e do relator especial da CIDH para a liberdade de expressão, Pedro Vaca.
CIDH alega ‘repressão estatal’ em Cuba
A CIDH, um órgão da OEA, condenou em um comunicado de 15 de julho “a repressão estatal e o uso da força” durante os protestos de 11 e 12 de julho em cerca de 40 cidades da ilha caribenha, as quais considerou “pacíficas”.
“Teria sido um ato de irresponsabilidade da Presidência ignorar as rejeições”, disse o embaixador uruguaio na OEA, Washington Abdala, ao informar sobre o adiamento da reunião.
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“O que Cuba está vivendo não pede procrastinações”, disse em uma carta. “O tempo corre contra os direitos e a vida de muitas pessoas”.
Abdala explicou que, devido às “propostas” de alguns países em relação à reunião, solicitou um relatório jurídico sobre a situação de Cuba em relação à OEA, confiando em “poder concretizar essa sessão o mais breve possível”.
Países disseram que reunião seria ‘inútil’
Em diferentes cartas, os representantes de Belize, Trinidad e Tobago, Nicarágua e a Comunidade do Caribe (composta por Antígua e Barbuda, Barbados, Belize, Bahamas, Dominica, Grenada, Guiana, Haiti, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago) questionaram a falta de consultas prévias à convocação e afirmaram que a reunião seria “inútil” dada a situação de Cuba em relação à OEA.
A OEA excluiu Cuba do sistema interamericano em 1962 pela sua adesão ao bloco comunista soviético e seu confronto com Washington após a revolução liderada por Fidel Castro em 1959. Essa decisão foi anulada em 2009, mas Cuba não pediu sua reincorporação. A OEA considera Cuba um membro inativo.
Abdala destacou que a CIDH elabora frequentemente relatórios sobre Cuba e destacou que “a prática de rejeitar ‘relatórios in voce’ não deveria ocorrer nesta organização”.
Cuba rebate Bolsonaro
O governo de Cuba rebateu as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no dia 13 de julho, e afirmou que o governo brasileiro deveria rever a sua conduta negligente na pandemia.
A nota foi publicada após Bolsonaro manifestar, na segunda-feira (12), “apoio e solidariedade” aos cubanos que protestaram contra o presidente Miguel Díaz-Canel .
“O presidente do Brasil deveria consertar a sua negligente atuação que contribui para o lamentável falecimento de centenas de milhares de brasileiros por covid-19 e para aumentar a pobreza”, escreveu o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no Twitter. “Deveria prestar atenção aos atos de corrupção que o envolvem e não desviá-la olhando Cuba superficialmente.”
Diferentemente de Bolsonaro, líderes internacionais como os ex-presidentes Lula (PT) e Evo Morales e o presidente do México, López Obrador, manifestaram apoio à Revolução Cubana e pediram para que os Estados Unidos revoguem as sanções econômicas contra a ilha caribenha, principais responsáveis pelas dificuldades do país.
Com informações do jornal Estado de Minas, CartaCapital e Brasil 247