A fuga do e-ministro da Educação, Abraham Weintraub, para os Estados Unidos repercutiu internacionalmente. Houve defensores que tiveram a coragem de comparar a saída dele com a situação de desterro da professora da Universidade de Brasília, Débora Diniz.
Em suas redes sociais, ao lado da filósofa Márcia Tiburi e do ex-deptuado federal Jean Willys, Débora Diniz explicou a diferença entre sua situação e a de Weintraub.
Leia íntegra da nota publicada por Débora Diniz no Instagram:
A saída de Weintraub não é exílio. É fuga. Foge, como fazem os que sabem que estão na mira na Justiça.
Diferente do fugitivo, vivo uma situação semelhante a de “desterro”. Foi por minhas posições políticas e acadêmicas que fui ameaçada: não estava no poder político, não exercia mando político. O que defendo desagrada o governo Bolsonaro e os que o apoiam.
Rejeito quem descreve minha situação como voluntária ou quem qualifica o exílio como “autoexílio” – se retorno ao Brasil, deve ser sob a proteção do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, o que significa restrições de aparições públicas, limitação de participação política, dever de proteção policial para mobilidade, ou mesmo a impossibilidade de exercer minha atividade profissional que é a docência. •
Ir à universidade passou a ser um risco para mim e para os outros: o texto das ameaças me tem como alvo, mas se estendem aos estudantes e meus colegas professores. São mensagens de terror, com linguagem de violência explícita e indiscriminada.
Juridicamente, o exílio foi voluntário: eu solicitei à Universidade de Brasília licença para tratar de assuntos pessoais. Não tenho salário, mas uma licença, cuja razão é de foro particular. Para evitar a disseminação do medo – uma das estratégias de operação das milícias virtuais, pois publicizar o conteúdo das ameaças é amplificar o poder do terror – não tornei públicas as ameaças que sofria por ocasião do pedido de licença. Essa foi inclusive uma das recomendações da polícia.
Weintraub não é um exilado. É um fugitivo. Se sente medo é de seu próprio malfeito à sociedade brasileira.