Os deputados federais Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde no governo da presidente Dilma Rousseff, acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) para que o governo de Jair Bolsonaro explique o ofício enviado à Prefeitura de Manaus em que cobra o uso de medicações de eficácia não comprovada para o tratamento da Covid-19, como cloroquina e ivermectina.
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Em meio a uma nova onda de Covid-19, a Prefeitura de Manaus vem sendo pressionada pelo ministério gerido por Eduardo Pazuello a distribuir os medicamentos aos pacientes da doença. A informação foi divulgada pela coluna Painel, na Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (12). Além disso, a pasta pediu autorização para fazer uma ronda nas Unidades Básicas de Saúde para encorajar o uso das medicações. A alternativa, de não utilizá-las, é tratada como “inadmissível” em documento enviado para a secretaria municipal de Saúde de Manaus.
Saúde de Manaus em colapso
A capital do Amazonas e o estado têm batido recordes de internações e mortes e têm sofrido com a falta de leitos e de equipamentos.
Padilha pede que a “irresponsabilidade com os recursos públicos” seja apurada pelo TCU. Pede também que a Corte impeça o Ministério da Saúde de recomendar tais medicações aos municípios e estados e de fazer essas visitas para disseminar o “tratamento precoce”.
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“No momento em que países já começaram o processo de vacinação da sua população, é estarrecedor que o Ministério da Saúde tenha apresentado apenas um arremedo de Plano Nacional de Vacinação, e continue empenhando recursos públicos de grande vulto para oferecer medicamentos que não possuem eficácia científica comprovada contra a Covid-19”, escreve Padilha, que também enviou um requerimento de informações à pasta de Pazuello.
“Vê-se —com algumas vacinas disponíveis produzidas por diferentes laboratórios e países— desde logo que não apenas era falsa a dicotomia entre economia e vidas propagada no início pelo chefe do Poder Executivo, como mero recurso retórico para o exercício efetivo de uma necropolítica”, completa.
Marcelo Freixo, por sua vez, anunciou em suas redes sociais que recorrerá ao Ministério Público Federal e também comparou falhas na programação do governo federal à iniciativa de enviar o ofício.
“Em vez de providenciar agulha, seringa e calendário de vacinação, Pazuello está pressionando a prefeitura de Manaus a distribuir cloroquina e ivermectina na rede pública. Até ronda nos postos de saúde o ministro quer fazer. Vamos acionar o Ministério Público Federal.”
Líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ) também criticou veementemente a postura do governo. “Bolsonaro insiste em prescrever tratamento precoce que, segundo médicos, não tem comprovação científica. Com mais de 200 mil mortos por Covid, o governo repete receita q o tornou um dos piores países do mundo no combate à pandemia: anticiência e negacionismo”, declarou.
Com informações da Folha de S.Paulo
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