Apenas um planejamento como o da Autorreforma do PSB, que tem o desenvolvimento sustentável como um dos eixos centrais, será capaz de mudar o cenário desolador que o Brasil vive atualmente. Essa é a avaliação da engenheira florestal Ana Euler, pesquisadora da Embrapa e ex-presidente do Instituto Estadual de Florestas do Amapá (IEF). Ela foi a convidada para mais um debate sobre a processo de renovação em curso no Partido Socialista Brasileiro (PSB).
País afora, socialistas têm debatido as teses para elaborar um plano para o desenvolvimento nacional. Nesta quinta-feira (13), Ana foi a convidada para debater o tema “Amazônia 4.0”. Ela esteve ao lado do vice-presidente do PSB, João Capiberibe, ex-governador e ex-senador do Amapá, que fez a mediação do evento.
Também participaram da live Domingos Leonelli, membro da Executiva Nacional do PSB e da comissão redatora da Autorreforma. Ele é autor do livro “Uma sustentável revolução na floresta, a experiência do Amapá”. Paulo Bracarense, outro membro da comissão redatora da Autorreforma, estatístico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Estatística pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCA) foi outro debatedor. A participação foi aberta ao público.
Desenvolvimento da Amazônia
Ana está há quase 20 anos trabalhando na região amazônica pautada pelo desenvolvimento com foco na potencialidade desses territórios. A pesquisadora defende aliar o conhecimento das populações tradicionais, como quilombolas e indígenas, com projetos de desenvolvimento que tenham como foco o manejo dos recursos naturais para a produção de itens com alto valor agregado. Parceiros nacionais e internacionais são bem-vindos, avalia.
“É necessária governança socioambiental para compartilhar o conhecimento porque os países têm fronteiras, mas o conhecimento não.”
Ana Euler
Ana ressalta que as empresas mais valiosas hoje são as que detém informação, não as que oferecem produtos. Grandes passos, porém, ainda necessitam ser dados no sentido de garantir acesso a serviços básicos aos moradores dessa região, como água, luz, saneamento básico e internet, observa a pesquisadora.
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Desenvolvimento com políticas públicas
Capiberibe afirmou que todos os esforços têm que ser empregados para garantir que o plano de “desenvolvimento sustentável seja traduzido em políticas públicas”.
“O Brasil não pode reproduzir o modelo da colônia, de ser exportador de matéria-prima.”
João Capiberibe
Valor agregado para promover desenvolvimento
Leonelli defendeu a necessidade de agregar valor à matéria-prima que sai da Amazônia e que volta como produtos – e com altos valores. Sem beneficiar, no entanto, as populações que estão na base dessa cadeia.
“A nossa biodiversidade, se bem trabalhada, pode se constituir em uma maneira de nos inserirmos nas cadeias globais de valor de forma soberana e com valor agregado gigantesco.”
Domingos Leonelli
Leonelli lembrou também a experiência de Capiberibe com o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (PDSA) implantado durante sua gestão como governador do Amapá. A iniciativa proporcionou aumento da escolarização, pesquisas, expectativa de vida, índice do desenvolvimento urbano e indicadores ambientais.
Amazônia importância geopolítica
Bracarense, destacou a “importância geopolítica fundamental” da Amazônia.
“Seu desenvolvimento [da região Amazônica] determina também o desenvolvimento nacional.”
Paulo Bracarense
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Amazônia 4.0 na Autorreforma do PSB
Na Autorreforma do PSB, os socialistas defendem que, ao invés de destruir a floresta, é preciso preservá-la, e explorar de forma sustentável o imenso ativo biológico e de enorme valor na era do conhecimento que é a Floresta Amazônica por meio do projeto Amazônia 4.0.
“O PSB defende que uma estratégia de desenvolvimento sustentável da Amazônia deve ser parte integrante de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, liderado por um governo que tenha como objetivo inserir soberanamente o Brasil nas cadeias globais de valor, com uma produção biotecnológica genuinamente brasileira.”
Autorreforma do PSB
Autorreforma do PSB
Após dois anos de um debate democrático, construído de forma colaborativa e aperfeiçoado a cada etapa, as 577 teses do Livro 4 da Autorreforma do PSB serão sintetizadas no novo programa do partido. As propostas serão submetidas ao Congresso Nacional dos socialistas, previsto para ser realizado entre os dias 26 e 28 de novembro deste ano.
O processo de debates do PSB foi iniciado na Conferência Nacional, em novembro de 2019, e propõe soluções concretas e inovadoras para o país nos âmbitos econômico, social, cultural e ambiental, por meio de um Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Os cinco eixos temáticos do livro da Autorreforma são: Reforma do Estado; Economia: prosperidade, igualdade e sustentabilidade; Desenvolvimento sustentável e economia verde; Políticas sociais e cidades criativas; e Socialismo criativo, democracia e o partido que queremos.
Debates sobre a Autorreforma
Diretórios estaduais do PSB têm promovido debates sobre a Autorreforma. Esse eventos contam com a participação de acadêmicos, especialistas e representantes de partidos políticos que se reunem de forma virtual para debater as teses do PSB. As discussões estão abertas à participação de qualquer interessado, em cumprimento à proposta dos socialistas de discutir a reformulação do partido com a sociedade.