Na “Carta ao Povo de Deus” os religiosos afirmam que perceberam “a incapacidade e inabilidade” do governo Bolsonaro diante da crise
Cerca de 152 bispos, arcebispos e bispos eméritos do Brasil assinaram carta criticando a gestão do presidente Jair Bolsonaro. Hoje há no Brasil 310 bispos na ativa e 169 eméritos.
No entanto, o texto, que deveria ter sido publicado na última quarta-feira (22), foi suspenso para ser analisado pelo conselho permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Divulgada pela Folha de S. Paulo, na “Carta ao Povo de Deus” os religiosos afirmam que perceberam “a incapacidade e inabilidade do Governo Federal em enfrentar essas crises”, se referindo tanto a crise sanitária quanto a crise econômica.
“Assistimos, sistematicamente, a discursos anticientíficos, que tentam naturalizar ou normalizar o flagelo dos milhares de mortes pela Covid-19, tratando-o como fruto do acaso ou do castigo divino”, segue a carta. Ela se refere também ao “caos socioeconômico que se avizinha, com o desemprego e a carestia que são projetados para os próximos meses, e os conchavos políticos que visam à manutenção do poder a qualquer preço”.
Economia
Os bispos fazem críticas diretas às reformas trabalhista e da Previdência. Segundo eles, ambas, “tidas como para melhorarem a vida dos mais pobres, mostraram-se como armadilhas que precarizaram ainda mais a vida do povo”.
“É verdade que o Brasil necessita de medidas e reformas sérias, mas não como as que foram feitas, cujos resultados pioraram a vida dos pobres, desprotegeram vulneráveis, liberaram o uso de agrotóxicos antes proibidos, afrouxaram o controle de desmatamentos e, por isso, não favoreceram o bem comum e a paz social. É insustentável uma economia que insiste no neoliberalismo, que privilegia o monopólio de pequenos grupos poderosos em detrimento da grande maioria da população.”, continua carta.
Para eles, o governo Bolsonaro não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, “mas a defesa intransigente dos interesses de uma economia que mata, centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”.
Educação
O documento ainda afirma que o governo promove “uma brutal descontinuidade da destinação de recursos para as políticas públicas no campo da alimentação, educação, moradia e geração de renda”.
Segundo os religiosos, a gestão de Jair Bolsonaro demonstra “raiva pela educação pública” ao colocar a “educação como inimiga”.
União pela democracia
Por fim, após afirmar que estão utilizando da religião para “manipular sentimentos e crenças”, os religiosos pedem união a favor do diálogo e da democracia.
“O momento é de unidade no respeito à pluralidade! Por isso, propomos um amplo diálogo nacional que envolva humanistas, os comprometidos com a democracia, movimentos sociais, homens e mulheres de boa vontade, para que seja restabelecido o respeito à Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito”
Leia a carta na íntegra aqui.