A sustentabilidade ambiental agora faz parte da agenda do Banco Central (BC), que nessa terça-feira (8) lançou um conjunto de ações relacionadas aos riscos climáticos, responsabilidade socioambiental e cultura de sustentabilidade.
Com as ações, o BC pretende emplacar campanhas internas de conscientização ambiental e incorporar cenários de riscos climáticos às análises de negócios. O banco também irá adotar medidas mais abrangentes, como a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável para instituições bancárias.
Especialistas avaliam que a iniciativa do órgão pode ser lida como um aceno aos investidores internacionais, uma vez que o setor vem, desde o final de junho, pressionando o Brasil para que reduza o desmatamento na Amazônia.
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Contudo, segundo o O Globo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou já haver uma preocupação da instituição com o meio ambiente antes mesmo da cobrança dos investidores.
“Estamos pensando em como evoluir essa agenda e mostrar para o investidor que o Banco Central se preocupa com isso. Está relacionado com a nossa missão, mas também está relacionado a uma política de sustentabilidade maior que faz parte do desenvolvimento do país”, disse o economista, destacando a relação entre os objetivos da autarquia e a sustentabilidade.
De acordo com Campos Neto, a agenda BC também “dá o norte” ao sistema financeiro brasileiro, abrindo campo para essa preocupação no setor.
Agenda sustentável do Banco Central
Segundo a diretora de Assuntos Internacionais do BC, Fernanda Nechio, entre as medidas a serem adotadas internamente estão campanhas de incentivo ao uso de bicicleta, carona solidária, redução do uso de plásticos, reciclagem e coleta seletiva. O tema sustentabilidade também será estendido ao Museu da Economia, que é mantido pela autarquia.
Entre as ações gerais, foi pensada a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável para instituições financeiras, com garantia de operações ou título de crédito privado. No caso das reservas internacionais, haverá a inclusão de critérios de sustentabilidade para seleção de contrapartes na gestão do patrimônio e para a seleção de investimento.
O BC ainda planeja elaborar orientações específicas para empresas e instituições financeiras sobre os impactos financeiros das mudança climáticas em seus negócios, entre outras ações.
Bureau Verde do crédito rural
A nova agenda inclui a criação de um bureau verde do crédito rural, que substituirá o Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor) do BC pela modalidade open banking. Nesse formato, os dados dos clientes ficam abertos para consulta por diferentes instituições financeiras.
O bureau vai incorporar critérios que identifiquem operações com características verdes, promovendo o cruzamento com informações de georreferenciamento, por exemplo. A meta é aumentar em até 20% os limites de contratação para operações de crédito rural que reúnam características de sustentabilidade.
Febraban
O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse ser necessário canalizar mais recursos para financiar uma transição para uma economia verde. “Em dezembro do ano passado, chegamos a 22% do saldo da carteira de crédito para os setores que contribuem com a cadeia da economia verde”, afirmou.
Com informações de O Globo e Folha de Pernambuco