por: Redação Hypeness
Em tempos de discussões sobre a inclusão social e valorização da mulher, a questão indígena se faz mais latente. As tribos estão, como nós, em constante mudança e evolução.
Em uma recente campanha do Instituto Socioambiental (ISA), esse é o mais forte argumento de respeito e inclusão social. fala sobre conexão, fala como os indígenas não são diferentes de nós quando se trata de identidade, desejos e hábitos.
Quem se impressiona e critica o fato de tribos inteiras hoje terem acesso à tecnologia, produtos e roupas criadas no mundo branco precisa assistir ao vídeo da campanha.
Regado a uma série de imagens que mostram a tribo Baniwa totalmente diferente do imaginário de 1500, com índios vestidos como querem, usando computador e jogando bola, o impactante vídeo provoca reflexão sobre como vemos essas pessoas hoje.
As empoderadíssimas mulheres Yawanawa, no Acre, são um grande exemplo dessas mudanças, sendo as primeiras a se tornarem caciques, pajés e professoras indígenas. Em uma pesquisa sobre esse povo tão conectado com os tempos atuais, a FARM fez uma parceria com as mulheres das aldeias Yawanawa para criar uma série de peças especiais com os trabalhos feitos com miçangas por elas mesmas.
“Ter mulheres nas lideranças é raro, mas algumas foram empoderadas depois de conhecerem as Yawanawa. No Acre, elas são referência desde 2005”, explica Romina Lindemann, que fez a conexão entre a marca carioca e as mulheres da tribo. “Daiara Tukano, Sonia Guajajara e outras tantas estão fortes na política. Então felizmente temos várias mulheres emergindo e inspirando nessa espiral de empoderamento”.
Por escolha delas, a coleção foi intitulada Rauti, que significa “adornos de beleza e proteção”, na língua Yawanawa. A série de roupas, bolsas e acessórios apostou na estamparia gráfica e no clássico preto e branco, com interferência de listras arco-íris, para saltar a beleza das aplicações Yawanawa. “Elas nos inspiraram muito nos seus degradês e na poesia do trabalho artesanal. É uma honra poder levar para nossas clientes peças com histórias tão lindas de empoderamento feminino e com a força espiritual da floresta!”, conta Katia Barros, diretora criativa da FARM.
Os acessórios são o ponto alto, já que foram feitos pelas mulheres Yawanawa. Todos vêm do projeto RAUTIHU, encabeçado pelas irmãs Kátia, pajé Yawanawa, e Júlia, que buscou organizar as artesãs espalhadas pelas nove aldeias que margeiam o rio Gregório para criar e produzir seus Rauti.
As t-shirts e jaquetas jeans tipográficas com o escrito “Yawanawa” ganham interferência de miçanga com os símbolos da cabeça da jiboia e espinha de peixe, trazendo todo afeto e boa energia para as peças. As mochilas e as pochetes ganham bossa na coleção com o colorido do trabalho das artesãs.
A coleção integra a comunicação principal, “O Coração é O Norte“, toda focada na região norte do país. As peças convidam o Brasil a olhar o a fauna, flora e a cultura do povo do Norte do país.. Além dos acessórios produzidos pelas Yawanawa e da divulgação da campanha do ISA, a FARM criou ainda uma coleção para a campanha #menospreconceitomaisindio. As peças ajudam a realmente vestir a causa, já que 8% de royalties da venda da linha serão revertidos para que o instituto continue fazendo seu trabalho.
O ISA é uma das principais organizações ambientalistas e indigenistas do Brasil. Com 24 anos de vida, a organização atua regional, nacional e globalmente para defender povos indígenas, comunidades tradicionais, direitos humanos e o patrimônio cultural, valorizando a diversidade socioambiental do país. O instituto trabalha em parceria com comunidades indígenas em diversas regiões da Amazônia em iniciativas de proteção territorial, fortalecimento cultural e de alternativas econômicas.
Para fortalecer ainda mais essa ideia de respeito e mostrar a realidade das tribos, a FARM disponibilizou em lojas do Rio de Janeiro e de São Paulo, o Gear VR, óculos de Realidade Virtual da Samsung. A ação, que aconteceu de janeiro a março de 2018, oferecia uma imersão em 360 graus na realidade desses povos.
O conteúdo disponibilizado foi gravado em uma aldeia do povo Waurá, do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso. Uma coprodução do ISA com a Academia de Filmes, dirigido por Tadeu Jungle e narrado pela atriz Fernanda Torres, o curta-metragem de sete minutos é o primeiro filme em Realidade Virtual feito com um povo indígena e mostra o cotidiano dos Waurá, além de chamar a atenção para uma ameaça que paira sobre todos os povos da Amazônia: o fogo fora de controle.
“Nesta coleção, fomos além da roupa, trouxemos uma moda cheia de causa e significado. Falar da Amazônia é falar de como podemos contribuir para proteção da nossa biodiversidade, dos nossos povos indígenas e das ricas expressões culturais que atravessam o norte do país – da Ilha do Marajó às aldeias Yawanawa no Acre. Estamos muito felizes com a parceria com o ISA e de fazer com que esta coleção contribua concretamente com o trabalho deles na defesa dos povos indígenas e do meio ambiente”, complementa Katia.
Fotos: Divulgação/Lara Dias
Fonte: www.hypeness.com.br