Aos 35 anos de idade, o jovem esquerdista Gabriel Boric foi eleito presidente do Chile após uma acirrada disputa contra o candidato de extrema direita – o empresário José Antonio Kast, da Frente Ampla e um representante da saudosista da ditadura de Augusto Pinochet.
Com a contabilização de 99% dos votos, Boric obteve 55,9% dos votos, enquanto o líder da extrema direita alcançou 44,1%. Boric será o tornará o presidente mais jovem da história do Chile quando assumir o governo do país em 11 de março, substituindo o conservador Sebastián Piñera.
Pelo Twitter, José Kast reconheceu a derrota: “Acabo de falar com Gabriel Boric e o cumprimentei por seu grande triunfo. A partir de hoje ele é o presidente eleito do Chile e merece todo nosso respeito e colaboração construtiva”, afirmou.
Mesmo com abstenção de aproximadamente 47%, em números absolutos, a eleição teve o maior número de votos computados desde a redemocratização, o que fez Gabriel Boric ser o presidente mais votado da história do Chile. O resultado também é o segundo mais amplo desde a redemocratização. A margem de Boric sobre Kast, foi de 11,8 pontos, e só não supera a ampla margem que Michelle Bachelet conquistou em 2013, de 24,4 pontos sobre Evelyn Matthei.
Em seu primeiro discurso após a eleição, Boric prometeu ser presidente de todos.
“O futuro do Chile precisa que todos estejamos do mesmo lado, do lado das pessoas, e espero contar com seu apoio, suas ideias e propostas para começar meu governo”.
A esquerda brasileira comemorou a vitória de Boric no Chile, celebrando essa conquista como uma nova onda esquerda na América Latina. Um dos primeiros a congratular o novo presidente foi o deputado federal Marcelo Freixo que, pelo twitter, disse que foi a “vitória da Democracia no Chile! Em 2022 será a nossa vez de vencer o extremismo!”, destacou.
O ex-presidente Lula também comentou a eleição de Boric, parabenizando “o companheiro @gabrielboric por sua eleição para Presidente do Chile. Fico feliz por mais uma vitória de um candidato democrata e progressista na nossa América Latina, para a construção de um futuro melhor para todos”, avaliou Lula.
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Quem é Gabriel Boric?
Alavancado como líder estudantil, Boric se tornou reconhecido por presidir a Federação de Estudantes da Universidade do Chile no auge dos protestos estudantis em 2011. Nascido na província de Magallanes, na região mais ao sul do país, em 2013 o jovem disputou as eleições como candidato independente e foi eleito deputado pela primeira vez, junto com outros líderes estudantis, como Camila Vallejo, Giorgio Jackson e Karol Cariola.
Durante seu primeiro mandato, ajudou a fundar a Frente Ampla, junto com Jackson, reunindo vários pequenos partidos ligados a ex-líderes estudantis. Em 2021, a Frente Ampla fez uma aliança com o Partido Comunista – de Vallejo e Cariola – e surgiu assim a coalizão Aprovo Dignidade, e que escolheu como candidato após as eleições prévias em julho do ano passado, ao superar o comunista Daniel Jadue, prefeito da comuna de Recoleta.
Já como candidato ao governo chileno, o principal desafio do ex-líder estudantil era o de representar o espírito de mudança social do Chile rebelde ao mesmo tempo que deveria fazer frente ao ultraconservadorismo de Kast.
A vitória deste domingo, que não estava clara nos dias anteriores, fez a população voltar às ruas entoando o clássico “El Pueblo Unido Jamás será vencido”, uma canção de Sergio Ortega e do grupo Quilampayún, composta em 1973, em pleno governo Salvador Allende – presidente assassinado no golpe de Pinochet.
Com informações da Revista Fórum e Opera Mundi