Nesta quarta-feira (17), Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a afirmar que houve abusos na operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra seus aliados e que “está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”. A declaração foi feita no seu famoso “cercadinho”, no Palácio da Alvorada.
“Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando. Isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, no dia de hoje, quebrando sigilo parlamentar, não tem história nenhuma visto numa democracia, por mais frágil que ela seja. Então tá chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”, afirmou o presidente, no jardim da residência presidencial, diante de apoiadores, que gravaram as declarações em vídeo.
As declarações desta quarta-feira dão força àquelas já feitas na última terça, quando o presidente disse que não vai “assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas”. Ele negou ligação do governo com o autoritarismo e afirmou que sempre esteve ao lado da democracia e da Constituição.
“Medidas legais possíveis”
“O histórico do meu governo prova que sempre estivemos ao lado da democracia e da Constituição brasileira. Não houve, até agora, nenhuma medida que demonstre qualquer tipo de apreço nosso ao autoritarismo, muito pelo contrário. Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas”, escreveu Bolsonaro em várias redes sociais.
“Por isso, tomarei todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade dos brasileiros”, acrescentou o chefe de Estado. Ele denunciou ainda “ataques concretos” ao Executivo e acrescentou que “tem suportado” todos os “abusos presenciados nas últimas semanas” sem desrespeitar “nenhuma regra democrática”.
Gilmar Mendes
Em entrevista à DW nesta quarta-feira, o ministro do STF Gilmar Mendes disse que Bolsonaro comparece a atos antidemocráticos “para manter esse jogo de ambiguidade” e cultivar aliados e que as Forças Armadas não são árbitro no conflito entre os três poderes. “Mas se usa isso para tentar amedrontar e constranger as instituições”, comentou. “As Forças Armadas não são milícias do presidente da República, nem de força política que o apoie”.
Polícia Federal
Na terça, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de aliados do presidente, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, para levantar eventuais provas sobre a organização de protestos antidemocráticos e seus financiamentos.
Moraes determinou também o fim do sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos aliados do presidente, numa investigação sobre financiamento de atos antidemocráticos. A maioria dos parlamentares com sigilo bancário levantado é filiada ao PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu presidente, mas que deixou no final do ano passado.
Prisão de extremista
Na segunda-feira, a Polícia Federal realizou uma operação contra membros de movimentos antidemocráticos e cumpriu seis mandados de prisão, também após autorização do STF. Um dos alvos era a líder do movimento de extrema direita 300 do Brasil, Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter. O grupo, que apoia Bolsonaro, prega o fechamento do STF e do Congresso.
Esquema de fake news
O STF está analisando dois inquéritos, que investigam a divulgação de notícias falsas e ameaças a juízes por apoiadores de Bolsonaro, assim como a organização de atos antidemocráticos por aliados do presidente, que pedem o fechamento do STF, do Congresso e uma intervenção militar no país.
Os alvos da investigação são suspeitos de receberem recursos financeiros para promover atos contra a democracia e de cometerem crimes previstos na Lei de Segurança Nacional. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o objetivo das prisões temporárias é “ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o esquema criminoso”.
Com informações da DW Brasil.