
Foto: Ana Araújo
Milhares de pessoas em 220 cidades do país foram às ruas neste 15 de maio contra os cortes nas universidades e nos institutos federais anunciados pelo governo Bolsonaro, que atingem de forma brutal a pesquisa, a tecnologia e a inovação no país.
No dia 30 de abril, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que puniria com bloqueio de verbas as Universidades Federais que promovessem “balbúrdia” e “eventos ridículos” ao invés de melhorar o quadro de desempenho. A Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) foram as primeiras a serem mencionadas no corte de 30% no orçamento.
Apesar de o Ministro ter recuado em algumas de suas afirmações, após a repercussão negativa de sua fala, a decisão continuou firme. Serão 1,7 bilhão cortados do orçamento das universidades, ou 24,84% dos gastos não obrigatórios (discricionários), que representam 3,43% do orçamento total das federais. O bloqueio também afeta 38 Institutos Federais de Ensino.
Em Brasília, os manifestantes começaram a aglomeração a partir das 10h no Museu Nacional, e às 11h05m iniciaram a marcha em direção ao Congresso Nacional. O percurso reuniu não só estudantes, professores e sindicalistas, mas como também aqueles que mesmo não sendo diretamente afetados pela situação, quiseram demostrar apoio. Era uma multidão jovem em sua maioria, entretanto era possível encontrar no caminho muitas crianças e idosos.
Em uma rede social, um policial militar postou uma selfie dentro do ônibus da corporação com a legenda: “E vamos todos para o extra na esplanada brincar com os comunas”, seguido de emojis indicando bombas e explosões. Apesar de a manifestação se manter pacífica, dois jovens foram detidos, suspeitos de disparar rojões contra os militares.
A indignação foi registrada nos cartazes levados pelos manifestantes. “A crise na educação não é uma crise; é um projeto”, dizia um deles, citando Darcy Ribeiro, criador da UnB. Uma professora carregava outro cartaz: “A educação pública mudou a história de vida de toda minha família!”. Dentre os gritos de guerra, os manifestantes ecoavam em uma só voz pela avenida: “Ah, ah, ah! Contra a precarização, greve geral da Educação”.
O corte promovido por Bolsonaro atingiu em cheio a área de pesquisa. Só no Instituto de Biociências da USP 38 bolsas foram cortadas. Segundo levantamento preliminar da Unicamp, ao menos 40 bolsas foram suspensas. Na UFC (Universidade Federal do Ceará) foram 61 e na UEL (Universidade Estadual de Londrina) pelo menos 38. Na Capes, o total do orçamento congelado atingiu cerca de R$819 milhões.