Após dosagem do medicamento, pacientes que apresentaram quadro de arritmia tiveram aumentado o risco de sofrer um ataque cardíaco fatal

Por razões de segurança, um estudo brasileiro com a cloroquina foi interrompido após surgimento de efeitos colaterais em pacientes com coronavírus. Realizado em Manaus, alguns indivíduos apresentaram quadros de arritmia e tiveram aumentado o risco de sofrer um ataque fatal do coração após dosagem do medicamento.
Segundo o jornal O Globo, a pesquisa foi feita com 81 pacientes por pesquisadores da equipe CloroCovid-19, integrada por cientistas de 21 instituições e liderado pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, do governo do estado do Amazonas.
No artigo, eles destacam que “num grupo maior de pacientes, descobriram que a alta dosagem de cloroquina por dez dias levantou bandeiras vermelhas sobre a sua toxicidade”.
Ao mesmo tempo, não encontraram evidências significativas de que a alta dosagem da cloroquina reduziu significativamente a replicação do coronavírus.
Método
Aproximadamente metade dos participantes do estudo receberam uma dose de 450 miligramas de cloroquina duas vezes ao dia por cinco dias, enquanto o restante recebeu uma dose maior de 600 miligramas por 10 dias.
Em três dias, os pesquisadores perceberam arritmias cardíacas em pacientes que tomavam a dose mais alta. No sexto dia de tratamento, 11 pacientes haviam morrido, pondo fim ao estudo.
Marcus Lacerda, um dos autores envolvidos no estudo brasileiro, explicou que a sua pesquisa descobriu que “a alta dosagem que os chineses estavam usando é muito tóxica e mata mais pacientes”.
“Essa é a razão pela qual este ramo do estudo foi interrompido mais cedo”, disse ele. O estudo foi “financiado pelo governo do estado do Amazonas, Farmanguinhos (Fiocruz), SUFRAMA, CAPES, FAPEAM e fundos federais concedidos por uma coalizão de senadores brasileiros.
OMS: não há ‘évidência empírica’ sobre uso da substância
Diretor de operações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan disse em entrevista coletiva desta segunda-feira que a cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos licenciados em todo o mundo e com muitas indicações – para tratar doenças como malária e doenças crônicas específicas – e que, nestes pacientes, há bons resultados, salvando vidas.
Por outro lado, afirmou que ainda não há “evidência empírica” o bastante que prove sua eficácia no tratamento de infecções por coronavírus.
De acordo com ele, há diversos estudos em curso sobre o uso da droga, mas que ainda aguardam os resultados dos testes. E que há potencial nela, mas que é preciso precaução com relação aos seus efeitos colaterais
Com informações do O Globo e UOL.