Um ambicioso projeto conduzido pelo Exército pretende conectar as unidades da força terrestre na Amazônia por meio de uma rede de 3 mil quilômetros de cabos de fibra ótica, lançados no leito dos principais rios, para viabilizar a transmissão de dados em alta velocidade em uma região do tamanho de um continente. O sinal excedente poderá ser compartilhado com os moradores. Na região, a internet em geral é instável ou inexistente.
O futuro da iniciativa, entretanto, depende de um decreto do presidente Jair Bolsonaro, elevando o projeto ao patamar de programa de governo, para que possa ser incluído no orçamento federal.
Verba
As verbas para a continuidade do projeto são inconstantes. Neste ano, por exemplo, recursos recuperados pela Lava-Jato viabilizaram a execução de uma nova etapa: 330 quilômetros de cabos conectaram Novo Airão a Barcelos, na direção de São Gabriel da Cachoeira — uma das quatro brigadas amazônicas, a 852 quilômetros de Manaus.
Há expectativa de que o decreto seja editado até dezembro. Se esse prazo não for observado, não será possível cumprir as próximas etapas em 2021, já que é necessário conciliar os avanços tecnológicos com o calendário dos rios.
Um novo lote de cabos precisa ser lançado entre março e abril, na época da cheia. Em maio começa a vazante, que dificulta a adaptação do material ao leito dos rios.
Projeto Rondon
O general de Exército Décio Luís Schons, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, que abriga o projeto, ressalta o pioneirismo do projeto, comparável, eventualmente, aos primórdios do Projeto Rondon.
Se o Marechal Cândido Rondon desbravou uma área inóspita e remota para instalar cabos telegráficos aéreos, a fim de integrar o território nacional, o Exército desenvolveu uma tecnologia singular de instalação de cabos subfluviais para conectar a imensidão amazônica.
“Diziam que era impraticável lançar cabos subfluviais porque o leito do rio é instável”, relembra Schons. O general explica que o rio Solimões tem o “temperamento variável”, com bancos de areia que mudam de lugar constantemente, até por ser um rio mais jovem, enquanto o rio Negro é mais “consolidado”. Com as dificuldades iniciais superadas, e o conhecimento aprimorado nesses seis anos, o projeto revelou-se “seguro e viável”, afirma Schons.
Com informações do Valor Econômico