
Em mais um capítulo em que Jair Bolsonaro (sem partido) dissemina desinformação ao comemorar a suspensão dos testes da Coronavac para atacar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), levou a hashtag #BolsonaroGenocida novamente ao trending topics do Twitter nesta quarta-feira (10).
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Ao voltar à rixa com o tucano por causa da vacina para afirmar, no Facebook, que “ganhou mais uma” contra o seu rival, o ex-capitão se tornou a mira perfeita para ser execrado na “praça pública virtual” e também no Congresso. Sobretudo depois do Instituto Médico Legal (IML) revelar que o “evento adverso grave” que fez paralisar a pesquisa que busca um imunizante para deter o avanço do coronavírus foi motivada pelo suicídio de um voluntário de 33 anos que participava dos testes.
‘Repugnante’
Entre os “anônimos”, não faltaram críticas ao chefe de Estado. “Ser desprezível, repugnante e vil”, disse um. “Explorou politicamente uma doença, um vírus, uma cura, uma vacina e causou milhares de mortes!!! Este ‘evento adverso’ tem de ser imediatamente retirado da Presidência!!! Bolsonaro é um câncer!”, afirmou outro.
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O cartunista Carlos Latuff defendeu o impeachment de Bolsonaro citando uma questão de saúde pública. “Não falta a Bolsonaro apenas caráter. Falta-lhe humanidade. Se vangloriar pela morte de um jovem pra atacar ao mesmo tempo a vacina e um adversário político é atitude torpe. Bolsonaro precisa ser afastado do Planalto por uma questão de saúde pública!”, escreveu.
Vacina como ‘cabo de guerra’
Presidente do PSB Nacional, Carlos Siqueira recordou o número de óbitos no Brasil – quase 163 mil até o momento – para frisar o que verdadeiramente importa. “É inaceitável o presidente da República se vangloriar de ‘ganhar’ com a suspensão da Coronavac. A cura da Covid não é um cabo de guerra político! Quem perde são os brasileiros. Já são mais de 160 mil mortes. A vacina é, acima de tudo, um gesto humanitário”, declarou.
Líder do PSB na Câmara, o deputado federal Alessandro Molon (RJ) anunciou providências sobre a irresponsabilidade do dia. “Diante das controversas informações sobre a vacina envolvendo a Anvisa, pediremos a convocação do presidente da agência e do ministro da Saúde para que expliquem, na Câmara, essa gravíssima situação. Essa disputa política de Bolsonaro é uma sentença de morte para brasileiros!”, definiu.
PSOL vai convocar Anvisa
Candidata à prefeitura de Belo Horizonte pelo PSOL, a deputada Áurea Carolina também foi porta-voz da sigla ao anunciar as providências do partido. “Hoje o presidente comemorou uma morte. E a Anvisa interrompeu os testes da CoronaVac com uma ‘justificativa’ que não se sustenta. Nós, do PSOL, pedimos que o presidente da Agência seja convocado a se explicar. A saúde das pessoas não pode ser refém de #bolsonarogenocida”, afirmou.
Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São Paulo, citou a miséria moral que oculta a figura do presidente “O conflito entre Bolsonaro e Dória sobre a vacina do Instituto Butantã revela a miséria moral de quem só pensa em 2022. É vergonhoso transformar a vacina em palanque eleitoral. A maior crise da nossa geração é uma questão humanitária”.
‘Cadeia é pouco’ para Bolsonaro
Vice-presidente do PDT, o ex-ministro Ciro Gomes achincalhou o uso político do imunizante. “Cadeia é muito pouco para canalhas que fazem politicagem com vacina, a única saída para pôr um ponto final na maior crise de saúde pública e socioeconômica da história”, declarou.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) não escondeu a revolta. “Bolsonaro e a Covid-19 jogam no mesmo time. Triste realidade! Politizar a vacina em meio a uma pandemia histórica e comemorar até o suicídio de um voluntário são os mais novos crimes desse presidente genocida”.
Ganância e irresponsabilidade
Fábio Trad (PSD-MS), que forma a base aliada do presidente na Câmara, chamou de egoísmo a reação do mandatário. “Bolsonaro transformou a questão da vacina em um embate político de natureza eleitoral em que mais importante que a saúde dos brasileiros é a sua reeleição em 2022. Egoísmo, ganância e irresponsabilidade: eis uma postura dolosa que põe em risco a vida de milhões de pessoas”, apontou.
Cidadania pede reação
O presidente Nacional do Cidadania, Roberto Freire, pediu reação do Congresso. “O Congresso Nacional não pode ficar omisso face tamanha insanidade de Bolsonaro. Comete um ato vil contra a vida ao tentar impedir o desenvolvimento de pesquisas pela descoberta da vacina contra o coronavírus. Por pirraça política e desvio de caráter”.
Impeachment de Bolsonaro
O Líder do Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) disse que não há outro caminho senão o afastamento de Bolsonaro. “Sinceramente, não foi só politicagem! São quase 163 mil mortes por coronavírus, não podemos tolerar mais essa sabotagem contra a Saúde Pública. Os democratas deste país precisam entender que não há outro caminho senão o impeachment, passar pano para isso é cumplicidade”.
O ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) se juntou aos congressistas que exigirão explicações ao governo. “Bolsonaro faz chacota sobre vacina e sapateia em cima da morte de um voluntário. Protocolei, no Congresso Nacional, convocação do Ministro da Saúde e da Anvisa para dar explicações sobre o que está acontecendo”.
No Senado, o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também anunciou medidas. “Estamos convocando o Presidente da Anvisa para prestar esclarecimentos sobre a suspensão dos estudos envolvendo a CoronaVac. A comissão reunirá ainda essa semana, respondendo à urgência do tema. A vacina salvará vidas e essa é nossa prioridade!”.