O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, defendeu o fortalecimento dos sistemas de saúde e agroalimentar em discurso na Cúpula Global de Saúde do G20. “Precisamos agir imediatamente, para evitar uma crise alimentar global com impactos de longo prazo”, alertou o diretor, preocupado em conter o impacto da pandemia de Covid-19.
“Além de colocar em risco a saúde humana, a pandemia também está perturbando nossos sistemas agroalimentares, que são o núcleo de nossa saúde e vida.”
Qu Dongyu
Na Cúpula, líderes dos países do G20, chefes de organizações internacionais e regionais, empresas privadas e órgãos globais de saúde foram convidados a compartilhar as lições aprendidas com a pandemia de Covid-19. O encontro foi marcado pela ‘Declaração de Roma’, um apelo para uma ação urgente que vise o aumento da distribuição e acesso equitativos de vacinas para os mais pobres e vulneráveis do mundo.
Declaração de Roma
Para o diretor-geral da FAO, a Declaração de Roma abrirá o caminho para realizar objetivos em comum e fortalecer a cooperação multilateral.
“A pandemia só terminará quando todos estiverem seguros”, frisou. Dongyu também disse que os esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram criticamente comprometidos pela pandemia, observando que cerca de 150 milhões de pessoas estão atualmente projetadas para cair na pobreza extrema e na insegurança alimentar.
Ele destacou a ação da FAO por meio de sua iniciativa Mano a Mano (Hand-in-Hand), que se concentra em países vulneráveis, e chamou a atenção para o novo programa abrangente de resposta e recuperação à Covid-19, que a FAO estabeleceu para lidar com impactos econômicos.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, disse que a pandemia não mostrou sinais de diminuição e observou que apenas 0,3% das 1,5 bilhão de doses de vacina no mundo foram administradas em países de baixa renda.
Apelo pela vacinação contra a Covid-19
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou preocupação com uma “resposta de duas velocidades” à pandemia, constatando a desigualdade na distribuição das vacinas e os recentes surtos de Covid-19 na Índia, América do Sul e outras regiões.
“A vacinação rápida e completa em todo o mundo, junto com medidas contínuas de saúde pública, é a única maneira de acabar com a pandemia e evitar que variantes mais perigosas ganhem espaço.”
António Guterres
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também reconheceu desequilíbrios no processo de vacinação e advertiu à Cúpula de que a Covid-19 não seria a última pandemia. Ele disse que liderança e compromissos ousados são necessários para garantir um futuro mais seguro para todos no planeta.
Em defesa da Saúde Única
Ressaltando a importância da colaboração, o diretor-geral da FAO apontou para o recém-criado Painel de Especialistas de Alto Nível para uma Saúde Única (One Health), lançado no início da semana.
“O Tripartite da FAO, OMS e OIE, juntamente com o PNUMA, IAEA, Grupo do Banco Mundial e outros, unem-se ao G20 e outros membros nas diferentes iniciativas para aprimorar a abordagem de Saúde Única. A promoção global por meio do Plano de Ação Global para a Saúde Única e seu Painel de Especialistas de Alto Nível são etapas importantes.”
Qu Dongyu
A abordagem de Saúde Única reconhece as ligações entre a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente e destaca a necessidade de especialistas em vários setores para tratar de quaisquer ameaças à saúde e prevenir a interrupção dos sistemas agroalimentares.
A Declaração de Roma destaca importância de investir em sistemas de informação, vigilância e gatilho de alerta precoce, em consonância com a Abordagem de Saúde Única, bem como em pesquisa e inovação. Também sublinha a necessidade urgente de intensificar os esforços, apoiando as sinergias entre os setores público e privado, para garantir o acesso oportuno, global e equitativo a vacinas de Covid-19 seguras e acessíveis e outras ferramentas.
Com informações das Nações Unidas