Por Lucas Vasques
Mauro Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), se recusou a participar de uma audiência da Câmara dos Deputados, prevista para esta quinta-feira (4). Ele é uma das pessoas que constam na lista de recomendação de indiciamento da CPI da Pandemia. O encontro tem o objetivo de debater recomendações dadas pelo CFM ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito da utilização de medicamentos ineficazes no tratamento da covid-19, como cloroquina.
A audiência será realizada na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, depois de solicitação do deputado Jorge Solla (PT-BA). O presidente do CFM foi um dos convidados.
Ribeiro encaminhou ofício para dizer que não compareceria à reunião, sob a justificativa de que o CFM “não possui competência para estabelecer protocolos de tratamento de doenças”.
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Porém, em seguida, o conselho encaminhou outra mensagem, na qual informava que o CFM compareceria, mas seria representado pela conselheira Rosylane Nascimento das Mercês Rocha, e não Mauro Ribeiro, de acordo com a coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles.
Reunião entre presidente do CFM e Bolsonaro
O relatório final da CPI da Pandemia apontou que o deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), quando líder do governo Bolsonaro na Câmara, articulou para que o presidente da República realizasse reunião com Mauro Ribeiro, investigado pela comissão.
O referido encontro aconteceu em abril de 2020, durante a primeira onda da pandemia, e ao mesmo tempo em que o CFM liberou o uso de remédios ineficazes contra a covid.
Vitor Hugo não estava sozinho na empreitada. Uma semana antes, o deputado, também da base governista, Hiran Gonçalves (PP-RR), já tinha solicitado reunião com o Planalto para tratar do mesmo assunto, ou seja, cloroquina.
Em seu relatório final, a CPI considerou o parecer do CFM pró-cloroquina, publicado em abril 2020, como “temerária, criminosa e antiética”. A Comissão recomendou a apuração de responsabilidade da entidade.
Ao defender o uso da cloroquina, o CFM deu embasamento para os futuros discursos do presidente Bolsonaro em favor do uso de remédios que são inúteis contra a covid e ainda podem levar pessoas, principalmente as cardíacas, à morte.
Em maio de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS), emitiu comunicado onde dava “forte recomendação” contra o uso da cloroquina no combate à covid.
Por fim, o Conselho Federal de Medicina, após vários estudos indicando a ineficácia de tais medicamentos, não mudou de posicionamento.