Após o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro diante dos focos de incêndio na Amazônia e no Pantanal, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) publicou neste sábado (26) uma comparação incabível e fez uma afirmação falsa. Na postagem, a comunicação do governo afirma que a área queimada no país é a menor dos últimos 18 anos.
A postagem foi reproduzida por autoridades como os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Comunicações, Fábio Faria, e pelo senador e filho mais velho de Jair Bolsonaro (sem partido), Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Os dados compartilhados, no entanto, camparam os incêndios de oito meses deste ano com dados fechados de 12 meses dos anos anteriores. Procurada pela Folha de S. Paulo, a Secom disse que “expôs os dados que estão à disposição, sem ocultar nada” e que “o que passa disso é ilação falaciosa do jornal”.
De janeiro a agosto de 2020, houve registro de 121.318 km2 áreas queimadas em todo o Brasil. Para o 2019, a Secretaria de Comunicação usa como dado os 318.389 km2, comparando 8 meses com todos os 12 meses do ano passado. Os dados foram retirados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Se utilizasse o mesmo período de tempo, de janeiro a agosto, a área queimada, ainda assim, seria maior em 2019, primeiro ano da gestão de Bolsonaro, 131.327 km2. Porém, fazendo a comparação entre os mesmos períodos de 2003 a 2020, o governo teria que informar que este ano teve mais área queimada que os anos de 2008, 2009, 2011, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2018.
Amazônia e Pantanal
Se for feito um recorte dos dois biomas que mais têm sofrido com queimadas no momento, Pantanal e Amazônia, os dados ficam piores. De janeiro até agosto deste ano, já foram queimados 18.646 km2 no Pantanal. Número que perde apenas para 2005, quando 20.219 km2 foram queimados.
Na Amazônia, o Inpe registara 34.373 km2 de área queimada entre janeiro e agosto deste ano. É menos que os 43.573 km2 queimados no mesmo período de 2019, também no governo Bolsonaro. Mas é mais do que ficou em chamas nos anos de 2008, 2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015,2017 e 2018.
Com informações da Folha de S. Paulo