Em mais um golpe à transparência dos atos públicos, o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decretou sigilo de 15 anos aos telegramas diplomáticos entre Brasil e Israel.
A medida visa ocultar informações sobre a viagem do ex-chanceler Ernesto Araújo ao país do Oriente Médio ocorrida em março deste ano. Esta viagem pretendia “conhecer in loco os notáveis resultados” de um spray nasal contra a Covid-19. Enquanto isso, a missão custou não menos que R$ 440 mil para os cofres públicos.
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Viajaram o então ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o assessor especial da presidência, Filipe Martins, e o então secretário de Comunicações, Fabio Wajngarten. Do mesmo modo, integraram a comitiva os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e Hélio Lopes (PSL-RJ). A famosa viagem durou quatro dias.
Brasil não fecha acordo para spray nasal com Israel
Apesar dos gastos, a viagem da comitiva brasileira à Israel não deu em nada. O PSOL protocou um pedido de informação ao Itamaraty. Obteve como resposta que não houve acordo entre os dois países sobre o spray nasal contra a Covid
“O projeto de carta não teve sua celebração completada, uma vez que não foi assinada pelo representante do Ministério da Saúde e não se chegou à troca de instrumentos entre os signatários, conforme prática de negociação internacional”, disse. “O projeto de carta de intenção, apenas rubricado, não continha elementos juridicamente vinculantes, nem previsão de gravames financeiros ou obrigações de qualquer espécie para as partes participantes naquela etapa das tratativas.”
Itamaraty
Projeto de carta faz referência ao cooperação em questão. Mas, na contramão da euforia do ex-chanceler, o documento teve assinatura dele. Ficou em branco o espaço dedicado à assinatura do ministro da Saúde.
O ex-ministro de Relações Exteriores saiu do cargo no final de março. Após diversos posicionamentos polêmicos contra países como a China, principal fornecedora de insumos para a produção da vacina pelo Instituto Butantan. A situação dele ficou insustentável. O Congresso adotou uma postura incisiva. Os parlamentares convocaram o então ministro para depor tanto na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, quanto na do Senado.
Na próxima semana, Ernesto Araújo retorna um novo interratório no Congresso. Desta vez na condição de depoente e já sem cargo. Ele é um dos convocados para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pademia no Senado. A expectativa é de que, assim como ocorreu nas outras vezes, os parlamentarem questionem o porquê da viagem diplomática à Israel.
Com informações do Brasil 247