Com Julinho Bittencourt
A imagem da Guarda da fronteira dos EUA com o México, atacando migrantes haitianos com chicotes e cavalos à beira do rio Texas, entre Ciudad Acuna e o extenso acampamento do outro lado da fronteira em Del Rio, chocou o planeta.
Após o vídeo explodir nas redes sociais, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou em entrevista coletiva: “não acho que ninguém vendo essa filmagem pensaria que era aceitável ou apropriado”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, a repórteres.
“Não tenho o contexto completo. Não consigo imaginar que contexto tornaria isso apropriado”, acrescentou ela.
As imagens veiculadas pela Agência Reuters mostra oficiais montados usando chapéus de cowboy bloqueando o caminho dos migrantes, e um oficial desenrolando uma corda semelhante a um laço, que ele balançou perto do rosto de um migrante.
Inúmeras comentários davam conta que a imagem de haitianos perseguidos por oficiais brancos a cavalo tinha ecos das injustiças históricas sofridas pelos negros nos Estados Unidos.
O chefe da patrulha de fronteira dos EUA, Raul Ortiz, disse que o incidente está sendo investigado para garantir que não haja uma resposta “inaceitável” por parte das autoridades. Ele disse que os policiais estavam operando em um ambiente difícil, tentando garantir a segurança dos migrantes enquanto procuravam por contrabandistas em potencial.
O secretário do Departamento de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, disse que as longas rédeas são usadas por oficiais montados para “garantir o controle do cavalo”. “Mas vamos investigar os fatos”, afirmou durante entrevista coletiva em Del Rio.
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O acampamento sob uma ponte que atravessa o Rio Grande foi um lar temporário para mais de 12.000 migrantes, embora o governador do Texas, Greg Abbott, tenha dito que o número chegou a 16.000 no sábado. Muitos viajaram de lugares distantes ao sul, até o Chile, na esperança de solicitar asilo nos Estados Unidos.
Na segunda-feira, quando as temperaturas subiram para 40 graus Celsius, os migrantes reclamaram da contínua escassez de comida e água no acampamento.
Durante o dia, centenas de migrantes voltaram para o lado mexicano, incluindo famílias com crianças pequenas, carregando mochilas, malas e pertences em sacos plásticos acima de suas cabeças.
“Esse tratamento que eles estão dando é racismo, por causa da cor da nossa pele”, disse Maxon Prudhomme, um migrante haitiano nas margens do Rio Grande, no México.
Deportação de 14 mil haitianos
O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, iniciou, no dia 19 de setembro, um processo de deportação de mais de 14 mil haitianos. Os EUA estão levando o grupo de migrantes, acampado na cidade de Del Rio, que faz fronteira com Texas, de volta à sua terra natal. Também está os impedindo de cruzar a fronteira com o México.
Segundo informações da AP (Associated Press), as autoridades dos EUA expulsaram mais de 14 mil migrantes acampados em Del Rio, depois de atravessarem uma ponte em Ciudad Acuña, no México.
De acordo com o governo do Haiti, mais de 320 imigrantes chegaram a Porto Príncipe em três voos no dia 19 de setembro, e outros seis voos são esperados para o dia 21 de setembro.
Há a possibilidade do governo dos Estados Unidos iniciar 7 voos de expulsão por dia no dia 22 de setembro, 4 para Porto Príncipe e 3 para Cap-Haitien. Os voos partirão de San Antonio e El Paso.
Em resposta à deportação, o governo do Haiti cobrou dos Estados Unidos uma “moratória humanitária”, alegando que o país caribenho não tem condições de receber os cidadãos de volta.
Com informações da Reuters e Poder 360