III – Socialismo Democrático e Criativo
♣ Como objetivo.
♣ Como metodologia de ação.
Como Objetivo.
Nos últimos 100 anos o capitalismo demonstrou sua criatividade criando produtos de valor universal e montando uma vigorosa cadeia de distribuição desses produtos oriundos principalmente dos EUA, da Europa e do Japão.
Já o socialismo criou igualdade em proporção nunca antes vista pela humanidade. Alfabetizou, alimentou e assegurou saúde a mais de um bilhão de seres humanos, na China, União Soviética e até na pequena Cuba. Possibilitou também, níveis elevados de igualdade social nos países capitalistas do norte da Europa, o chamado “socialismo nórdico”.
A revolução tecnológica, no entanto, e o longo e relativo interregno de paz, impuseram aos dois sistemas um imperativo econômico e cultural: a competição criativa.
Ambos participaram da revolução tecnológica, a União Soviética e a China no setor militar, aeroespacial, de energia e transporte.
Estados Unidos, Europa e Japão, além desses setores desenvolveram também uma linha de produtos de consumo universal criando e vendendo grandes marcas (Jeans, Coca-Cola, Jazz, rock, McDonald’s, Apple, Rolls-Royce, Rolex, Patek Philippe, Nintendo, Seiko, Canon) através das quais estenderam suas fronteiras econômicas e culturais.
As marcas e os produtos intensivos em design e tecnologia produzidas nos países capitalistas contribuíram para a formação de uma forte hegemonia política e cultural capitalista, até mesmo nos países socialistas. Como consumidores ou como fabricantes no caso da China.
Pode-se dizer que a grande marca do socialismo é o próprio socialismo com a sua promessa de igualdade.
Estamos, portanto, diante de um novo paradigma: o capitalismo criativo só será efetivamente superado por um socialismo criativo.
Por isso, a China, nos seus últimos planos quinquenais, tem colocado a Economia Criativa como sua prioridade número um. Pretende sair do “made in China” para O “design in China”.
Se o capitalismo criativo está voltado para atender exclusivamente o lucro das suas empresas, o socialismo criativo deverá voltar-se para o bem-estar e a valorização do trabalho inclusive do trabalho criativo.
O socialismo criativo deverá se constituir na dimensão humana do desenvolvimento das forças produtivas e da revolução tecnológica.
Como método da luta cotidiana.
Os socialistas não consideram a economia criativa como uma panaceia universal, nem tem uma atitude de temor reverencial em relação à inovação e à revolução tecnológica. Consideram, sim, que esses novos elementos precisam ser incorporados a nossa luta maior pela transformação estrutural do país em direção a igualdade social. A revolução tecnológica não eliminou a contradição entre capital e trabalho, apenas a colocou em outro patamar. Por isso submeteremos a economia criativa a uma visão crítica do socialismo democrático.
Mas como enfrentar a grande crise de credibilidade e do esvaziamento ideológico pelo qual passam todos os partidos inclusive os de esquerda do Brasil e do mundo?
A própria forma de organização partidária está em cheque.
Novas bandeiras, novos conteúdos, novas formas de organização precisam ser levantadas e praticadas sob pena do obscurantismo, da vulgaridade e de um novo niilismo ocupar todo espaço político.
Em primeiro lugar vamos incorporar às bandeiras do PSB as propostas contidas no capítulo do socialismo criativo como estratégia de desenvolvimento transformando-as em reivindicações concretas junto às instâncias municipais, estaduais e federal.
Vamos utilizar as novas linguagens, oriundas das novas tecnologias, na nossa comunicação com a sociedade.
Vamos aprimorar a democracia digital interna do nosso partido com uma militância digital horizontalizada, mas fazendo valer a fidelidade aos princípios do socialismo democrático e da disciplina partidária. Ao invés do velho centralismo democrático, dos antigos partidos comunistas, uma nova democracia descentralizada, mas com foco nos objetivos comuns, nos programas e no estatuto do partido.
Vamos nos integrar e estimular as novas organizações de produção cultural, científica e de inovação, como os coletivos de trabalho, as associações profissionais, as cooperativas, as redes de startups. Levar a todas elas nossas propostas de trabalho e humanização da tecnologia.
Vamos criar coletivos políticos para estudar e trabalhar os temas relativos a mais valia e ao papel dos trabalhadores no novo mundo do trabalho criado pela revolução tecnológica. Exercendo sempre uma crítica socialista e democrática a essa nova realidade.
Vamos enfim, reinventar a militância política com essas e muitas outras novas ideias.
Carlos Siqueira
Domingos Leonelli