
O músico baiano Gilberto, 79 anos, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta quinta-feira (11). Ele recebeu a maioria absoluta com 21 votos.
Ao Estadão, Gil afirmou que sua nomeação como imortal “denota um sentido de ampliação de campo, de escopo, da Academia”, e que com isso a instituição fica “mais pop”.
“A Academia que esperam que contemplem escritores, gente que lida com a escritura, contempla, no meu caso, como foi com Fernanda Montenegro, outro campo da vida cultural”, afirma o músico. “Isso denota um sentido de ampliação de campo, de escopo da Academia. Ela deixa de ser exclusivamente entidade de escritores e amplia o campo mais vasto. Acho que minha chegada significa um pouco isso. Como disse a Fernanda, fica mais pop”
Gilberto Gil
Para o líder da Oposição, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), Gil não se tornou ‘imortal’ agora.
Como não é permitido que candidatos acompanhem a votação, Gilberto Gil acompanhou o pleito na casa de amigos, no Rio de Janeiro. Ele é o segundo negro a ocupar uma vaga na academia na atualidade. O outro imortal é o escritor e professor Domício Proença Filho, que foi presidente da academia em 2016 e 2017.
Concorreram com o músico baiano o poeta Salgado Maranhão, que recebeu sete votos, e o autor e crítico literário Ricardo Daunt, que não teve votos.
Participaram da eleição 34 acadêmicos de forma presencial ou virtual — um não votou por motivo de saúde. Foram 4 votos em branco e 2 nulos.
”Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria”
Marco Lucchesi, presidente da ABL
Gilberto Gil é um cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical cuja obra se confunde com a própria música brasileira. Entre 1998 e 2019, ele recebeu 9 prêmios Grammys, segundo a sua página oficial. Em 1999, foi nomeado “Artista pela Paz”, pela Unesco.
Clássicos como “Aquele Abraço”, “Vamos Fugir”, “A Novidade”, “Cálice”, “Esotérico”, “Divino Maravilhoso” são de sua autoria.
Em sua discografia são mais de 60 álbuns e quase 4 milhões de cópias vendidas.
Gil também publicou livros, como ‘Gilberto bem Perto’, Disposições Amoráveis’ e “Cultura pela palavra: artigos, entrevistas e discursos dos ministros da cultura 2003-2010”.
O músico foi ministro da Cultura entre 2003 e 2008, durante os mandatos do ex-presidente Lula (PT). Antes, foi nomeado embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação.
O posto de ‘imortal’ deverá ser assumido por Gil em março de 2022, quando termina o recesso de final de ano da ABL.
Antes, a cadeira 20 estava ocupada pelo acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, que morreu em maio de 2020.
Há alguns dias, a atriz Fernanda Montenegro também foi eleita para a ABL.
“Já não teve nenhuma mulher [na academia]. Isso [mulheres ocupando cadeiras na ABL] não vai parar. Vai chegar uma hora que talvez tenha mais mulheres do que homens. Certamente, a chegada das mulheres vai ter força e será aceito. É do tempo atual, da justiça em torno da existência humana”, disse ao O Globo, na ocasião.
Com informações do g1