
Por Domingos Leonelli*
Venho dizendo há alguns anos que o surgimento e a consolidação de uma esquerda além do PT seria uma coisa muito boa para a politica brasileira, inclusive ao próprio PT.
Longe de qualquer semelhança com o antipetismo. Essa possível nova esquerda não pode se dedicar a atacar o PT nem aos seus símbolos e dirigentes. Deve se diferenciar por uma proposição politica independente, mais profunda e estrutural.
Conjunturalmente deve respeitar, mas não se submeter ao interesses táticos do Partido dos Trabalhadores. Por exemplo, nesse episódio do impeachment de Bolsonaro, o PT vinha se movimentando de forma sinuosa, arranjando desculpas para não apresentar um pedido de impeachment contra Bolsonaro.
Parece que o jogo tático do PT era o velho “deixar sangrar” até 2022, quando então o partido ressurgiria com uma candidatura competitiva. Até lá, o partido deve optar por candidaturas próprias em todas as capitais, conforme orientou disse Lula.
Uma espécie de volta às origens: o PT em primeiro lugar contra todo o “resto”, esquecido dos anos de governo quando articulou, aliançou e fez toda espécie de concessões a esse “resto”. Claro que me refiro à tática da direção nacional do partido. Sei, portanto, que muitos dos seus militantes pensam e agem diferente.
Mas não adianta ficar criticando o PT. O que adianta é o que o PSB, o PDT, o PV e a Rede fizeram e decidiram unir-se em torno de um objetivo urgente e absolutamente necessário: defender a bandeira do Impeachment Já de Jair Bolsonaro, líder de um processo subversivo antidemocrático de extrema-direita, genocida e entreguista explicito na sua submissão ao Estados Unidos.
A pandemia do coronavírus revelou também a incompetência e a irresponsabilidade de um Governo que expõe o seu próprio povo á doença e à morte.
E nesse caso, não há o que se perguntar, nem ponderar “racionalmente”, se há condições politicas para o impeachment, ou sobre conveniências pseudamente táticas. É hora do impeachment já de Jair Bolsonaro.
Domingos Leonelli é presidente do Instituto Pensar e coordenador do portal Socialismo Criativo