O procurador-geral da República se referiu à força-tarefa da Lava Jato de Curitiba como uma “caixa de segredos”; Sério Moro saiu em defesa dos procuradores
Procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba se manifestaram nessa quarta-feira (29) sobre as críticas feitas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Eles negaram a existência de “segredos” nas investigações e afirmaram que críticas são infundadas.
O grupo do Ministério Público Federal de Curitiba também ressaltou que a discussão da qual Aras participou era composta por advogadas “que patrocinaram a defesa de influentes políticos e empresários investigados ou condenados na operação”.
Na última terça-feira (28), o PGR se referiu à força-tarefa como uma “caixa de segredos” durante debate promovido pelo grupo de advogados “Prerrogativas”. No entanto, os procuradores, comandados por Deltan Dallagnol, negaram haver segredos ou documentos ocultos no trabalho da força-tarefa.
Eles reforçam que os arquivos estão registrados nos sistemas do próprio Ministério Público e da Justiça Federal, e as investigações e processos, de acordo com eles, são avaliados por diversos entes, incluindo toda a sociedade.
Sergio Moro
Ex-juiz federal responsável pelos processos da Lava Jato e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sergio Moro saiu em defesa da força-tarefa em sua rede social.
“Desconheço segredos ilícitos no âmbito da Lava Jato. Ao contrário, a operação sempre foi transparente e teve suas decisões confirmadas pelos tribunais de segunda instância e também pelas cortes superiores, como STJ e STF”, afirmou Moro
Em outra postagem, o ex-ministro ainda afirma que críticas feitas pelo PGR não possuem “nada de concreto”.
“PGR vai à imprensa sugerir desvios da Força Tarefa do MPF da Lava Jato, mas confrontado nada tem de concreto. “A base de dados é muito extensa”. Sim, é a Lava Jato, maior investigação sobre corrupção do mundo.”, reforçou.
Lava Jato ‘bisbilhotando’ 38 mil pessoas
A força-tarefa de Curitiba também alegou ser falsa a “suposição de que 38 mil pessoas foram escolhidas pela força-tarefa para serem investigadas”. De acordo com o grupo, esse é o número de pessoas físicas e jurídicas mencionadas em relatórios de inteligência financeira encaminhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o que faz parte do trabalho regular de verificação de suspeitas de lavagem de dinheiro.
Por fim, os procuradores alegaram que a causa das críticas seria uma tentativa, de parte da sociedade civil que estaria desagradada com a investigação de crimes graves envolvendo políticos e grandes empresários, de desacreditar no trabalho da Lava Jato.
Também em resposta às acusações de Aras, aforça-tarefa da Lava Jato em São Paulo divulgou a íntegra de informações já prestadas pelo grupo na segunda-feira (27) ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Reação da ANPR
Em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) demonstrou apoio ao trabalho dos membros do MPF, destacando que o modelo de forças-tarefa constitui exemplo internacional de sucesso para conduzir grandes e complexas investigações.
A entidade apontou que a entidade foi submetida as avaliações contínuas da corregedoria do MPF e também do CNMP. Segundo eles, não foi detectado “qualquer fato que autorize a desqualificação do trabalho”.
A ANPR afirmou ainda que as acusações levantadas por Aras desprestigiam os órgãos de controle do próprio MPF. “Em suma, cuida-se de discurso destrutivo e não construtivo”, diz a nota.
Com informações da Folha de S. Paulo