Após as manifestações populares que aconteceram em todo o país neste sábado (23), exigindo a abertura de processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, começam a ser viabilizadas as condições políticas para o afastamento do mandatário por vários crimes. O mais grave deles é o atentado à saúde pública. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) declarou ao jornal O Globo deste domingo que vai se dedicar à construção da frente anti-Bolsonaro em 2022.
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Após deixar a cadeira da presidência em 1º de fevereiro, Maia construirá um projeto nacional para 2022, com objetivo de evitar uma polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Contudo, garante que não vai liderar essa chapa.
Em coluna para a Folha, Jânio de Freitas alerta que o impedimento do chefe do Executivo é uma grande necessidade, considerando toda a evolução “dantesca” da gestão. Com temores e dúvidas sendo pulverizados pela visão imaginada das mortes por asfixia à falta de oxigênio hospitalar, causada pela suspeita de indiferença do governo. E, por horror ou por cautelas tardias, nem foram ainda relatadas, como devido, essas mortes em hospitais, casas, em fila para socorro.
Eleição da Câmara e impeachment
Com a sua atenção toda na eleição da Câmara, que pode definir a sua permanência no cargo, Bolsonaro “compra” e “vende” ministérios e cadeiras para garantir que termina o seu mandato.
Contudo, manter um dos ministros que mais acumula erros e carrega a vida de milhares nas costas pode pesar também na abertura do impeachment. Um desses é gritante: a permanência de Eduardo Pazuello como ministro da Saúde.
A responsabilidade desse general pela tragédia em Manaus é inequívoca. Seu reconhecimento de que foi prevenido do então próximo esgotamento do oxigênio diz muito, mas não tudo. Além de advertências sobre o problema durante sua estada na cidade, dias antes do colapso hospitalar, a Força Nacional do SUS convocada pelo próprio general informou-o até da data de eclosão da tragédia — o oxigênio a zero
Cume
As eleições no Parlamento se aproximam. Os dois últimos meses marcaram o ápice do antagonismo. Maia cobrou ações mais efetivas do governo federal no combate a Covid-19 e reagiu chamando Bolsonaro de “mentiroso” quando o presidente atribuiu a ele a culpa pelo não pagamento da 13ª parcela do Bolsa Família.
Os dois também estão em lados opostos na disputa pela presidência da Câmara: Maia apoia Baleia Rossi (MDB-SP), enquanto Bolsonaro defende a eleição de Arthur Lira (PP-AL).