
O alerta de que o coronavírus se aproxima das favelas foi emitido pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na terça-feira (31), durante coletiva no Palácio do Planalto.
Segundo o Valor Econômico, a chegada da pandemia à faixa da população com menor renda fez o ministro da Saúde reiterar as orientações dos governadores pelo confinamento e restrição de circulação já criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

O jornal registra ainda que o chefe da Saúde pretende observar como será a entrada do vírus “nos grandes conglomerados de área de exclusão” para ver o resultado das políticas implantadas ao longo dos anos, referindo-se às condições de vida nesses locais.
Mandetta disse acreditar que a predominância de jovens nas comunidade carentes é uma vantagem no enfrentamento da pandemia do coronavírus. “Pode fazer efeito rebanho, com mais imunizações, mais rápidas”, disse.
No mesmo dia do anúncio, o Ministério da Saúde divulgou que o número de mortes pela covid-19 no Brasil subiu 201 casos, sendo que 42 mortes ocorreram em apenas 24 horas.
O ministro admitiu ainda não saber com precisão quantos mortos a doença pode deixar no Brasil, demonstrando preocupação com o risco de “saturação total” dos leitos de UTIs.
“Por enquanto, é manter as ordens, as orientações de secretarias estaduais, dos governos estaduais. Mantenham [as ordens] porque nós estamos nos preparando. A luta é grande, é uma luta de fôlego. Nós vamos ter que ter muita resiliência, muita paciência para sair dela”, afirmou.
Incomodo em meio à crise da pandemia

O ministro, que incomodou Bolsonaro pelo protagonismo em meio à crise do covid-19, permanece tutelado pelos ministros militares do Planalto.
Prova dessa tutela foi o pedido do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, antes da entrevista coletiva, para que os jornalistas dirigissem perguntas também a outros ministros presentes – Sergio Moro (Justiça), Paulo Guedes (Economia) e Walter Braga Netto (Casa Civil).
O Valor Econômico registrou aida que os jornalistas também foram impedidos de questionar Mandetta na coletiva em que ele apresentou os dados atualizados.